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Como Negociar o Preço de um Imóvel: Aspectos Jurídicos

Como Negociar o Preço de um Imóvel: Aspectos Jurídicos
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Vai Comprar ou Vender um imóvel? Confira o artigo: Compra e Venda de Imóveis no Brasil: Guia Completo do Processo Legal.

Negociar o preço de um imóvel vai muito além de oferecer um valor menor. Em 2025, o mercado imobiliário brasileiro registrou crescimento de 15,7% nas vendas no primeiro trimestre, com mais de 102 mil unidades comercializadas. Com juros elevados e um mercado aquecido, entender os aspectos jurídicos dessa negociação pode significar a diferença entre um excelente negócio e um prejuízo de milhares de reais.

Neste guia você vai descobrir:

  • Quais documentos verificar antes de negociar
  • Como proteger seus direitos durante a negociação
  • Estratégias jurídicas para conseguir melhores condições
  • Problemas legais que podem custar caro
  • Quando e como formalizar a proposta

Por Que Conhecer a Lei Antes de Negociar

Muitas pessoas focam apenas no preço e esquecem que uma negociação imobiliária envolve obrigações legais que podem gerar problemas futuros. Um contrato mal elaborado ou a falta de verificação documental pode resultar em processos judiciais, perda do imóvel ou valores que você nunca vai recuperar.

A Lei nº 8.245/1991, conhecida como Lei do Inquilinato, passou por atualizações importantes em 2025. As mudanças incluem maior flexibilização nas negociações e exigência de mediação antes de processos judiciais. Conhecer essas regras te protege e aumenta seu poder de negociação.

Documentos Que Você Deve Exigir

Papéis do Imóvel

Antes de fazer qualquer proposta, verifique a situação legal do imóvel. Solicite ao vendedor:

  • Matrícula atualizada (emitida há no máximo 30 dias): comprova quem é o dono e mostra se há penhoras, dívidas de banco ou outros problemas
  • Certidão de ônus reais: confirma que o imóvel está livre de dívidas ou bloqueios
  • IPTU quitado: evita que você herde dívidas de impostos
  • Habite-se: documento que comprova que a construção foi aprovada pela prefeitura
  • Certidão de quitação condominial: se for apartamento, garante que não há contas atrasadas

A falta desses documentos deve acender um sinal de alerta. Um imóvel com pendências vale menos e pode gerar custos extras que você não esperava.

Papéis do Vendedor

O vendedor também precisa apresentar documentação pessoal completa:

  • RG, CPF e certidão de casamento atualizada (emitida há menos de 90 dias)
  • Pacto antenupcial registrado, quando houver
  • Certidões negativas de débitos fiscais e trabalhistas

Se o vendedor for casado, o cônjuge deve participar da negociação e assinar todos os documentos. Essa exigência protege ambas as partes e está na lei desde o Código Civil de 2002.

Como Negociar o Preço com Base na Lei

Vistoria Técnica e Problemas Escondidos

Uma vistoria técnica detalhada pode revelar problemas que justificam pedir desconto. Infiltrações, rachaduras, problemas na parte elétrica ou nos canos são chamados de vícios ocultos quando você não consegue ver em uma visita simples.

A lei garante que o comprador tem direito a pedir conserto, desconto no preço ou até cancelar o contrato se descobrir esses problemas depois da compra. Use essas informações como argumento na negociação.

Formas de Pagamento e Sinal

A forma de pagamento mexe diretamente no preço final. Pagamentos à vista geralmente garantem descontos maiores, mas exigem atenção ao contrato de sinal (também chamado de arras).

O sinal funciona como garantia da negociação. Se você desistir, perde o dinheiro que deu de sinal. Se o vendedor desistir, deve devolver o dobro do valor. Isso está no Código Civil e deve estar escrito no contrato preliminar.

Condições Que Protegem Você

Inclua no contrato preliminar cláusulas que defendam seus interesses:

  • Condição de que o negócio só vale se o banco aprovar seu financiamento
  • Prazo para você verificar os documentos com calma
  • Possibilidade de fazer nova vistoria antes de assinar a escritura
  • Definição clara de quem paga dívidas não declaradas

Essas cláusulas são legais e dão segurança para ambos os lados. Negocie isso antes de assinar qualquer papel.

Proposta Por Escrito

A proposta de compra deve ser feita no papel e conter:

  • Nome completo, CPF e endereço de quem compra e quem vende
  • Descrição detalhada do imóvel (endereço, tamanho, número da matrícula)
  • Valor oferecido e como vai pagar
  • Prazo de validade da proposta
  • Condições especiais combinadas

Mesmo antes da escritura no cartório, esse documento tem valor legal. Se o vendedor aceitar, vocês dois ficam presos aos termos combinados.

Contrato Preliminar

Depois da aceitação da proposta, você faz o contrato preliminar, também chamado de compromisso de compra e venda. Este documento formaliza as condições e pode ser registrado no cartório de imóveis, protegendo você caso o vendedor tente vender para outra pessoa.

O contrato preliminar deve ter:

  • Nome completo, CPF, RG e endereço de todos os envolvidos
  • Descrição do imóvel e número da matrícula
  • Preço total e forma de pagamento detalhada
  • Prazo e local para assinar a escritura definitiva
  • Condições especiais acordadas
  • Quem vai pagar as despesas (ITBI, cartório, certidões)

Escritura Pública e Registro no Cartório

A transferência real da propriedade só acontece com a escritura pública feita em cartório de notas e registrada no cartório de registro de imóveis. Mesmo que o contrato esteja assinado e você tenha pago, você só vira dono de verdade depois do registro.

O Código Civil deixa claro: a propriedade de imóvel só passa de mão com o registro. Por isso, acompanhe todo o processo até o registro final na matrícula do imóvel.

Custos e Impostos na Hora de Negociar

Quem Paga o Quê

Na negociação, deixe bem claro quem paga cada despesa:

  • ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis): normalmente o comprador paga, varia de 2% a 3% do valor do imóvel
  • Cartório de notas (escritura): custos mudam conforme o estado
  • Registro de imóveis: taxa calculada sobre o valor da transação
  • Certidões: cada certidão custa entre R$ 40 e R$ 100 em média

Em São Paulo, por exemplo, o ITBI é de 3% sobre o valor venal ou o valor declarado na escritura, o que for maior. Negocie quem vai pagar essas contas antes de fechar o negócio.

Financiamento no Banco

Se a compra envolver financiamento bancário, coloque uma cláusula dizendo que o negócio só vale se o banco aprovar. Se o banco negar o crédito, o negócio pode ser desfeito sem multas. A Lei nº 13.097/2015 traz regras específicas para contratos com financiamento.

Problemas Legais Que Você Precisa Evitar

Imóvel com Dívidas ou Bloqueios

Nunca aceite só a palavra do vendedor dizendo que “o imóvel está livre”. Exija a matrícula atualizada e certidões negativas. Penhoras, dívidas de banco, direito de outra pessoa usar o imóvel ou passagem forçada diminuem muito o valor e podem impedir a transferência.

Vendedor Sem Autorização Para Vender

Verifique se quem está vendendo é mesmo o dono. Casos de procurações falsas, herança não resolvida ou imóveis em nome de menores de idade precisam de procedimentos especiais. Um advogado especializado pode evitar que você perca dinheiro em uma venda que não vale nada.

Contrato Sem Registro no Cartório

Um contrato particular assinado, mesmo com reconhecimento de firma em cartório, não garante que você é o dono. Sem o registro na matrícula, você pode perder o imóvel se o vendedor vender para outra pessoa e essa pessoa registrar primeiro. O registro protege você contra qualquer outra pessoa que apareça.

Negociar Imóvel em São Paulo e Região

O mercado paulista concentra grande parte das vendas de imóveis do país. Na capital e região metropolitana, a valorização média tem se mantido firme, principalmente em bairros com infraestrutura boa.

Em São Paulo, a negociação deve considerar:

  • Zoneamento municipal: regras da Lei nº 16.402/2016 (Plano Diretor) que afetam o que pode ser construído no terreno
  • Transporte público: imóveis perto de metrô e corredores de ônibus valem mais
  • Serviços públicos: escolas, hospitais e áreas de lazer valorizaram até 15% alguns bairros em 2025

Use esses fatores como argumentos técnicos quando for negociar o preço.

Como um Advogado Pode Te Ajudar

Um advogado imobiliário pode:

  • Analisar toda a documentação antes de você fazer qualquer proposta, encontrando problemas escondidos que podem custar caro
  • Fazer ou revisar contratos garantindo que todas as cláusulas protegem seus interesses e estão de acordo com a lei atual
  • Negociar diretamente com o vendedor ou seu representante, usando conhecimento técnico para conseguir melhores condições
  • Acompanhar todo o processo desde a proposta até o registro no cartório, evitando erros que podem anular o negócio
  • Resolver problemas jurídicos como vícios ocultos, vendedor caloteiro ou questões de herança
  • Representar você em mediações ou processos caso a negociação ou o contrato gerem brigas judiciais

O Que Você Pode Fazer Agora

Negociar o preço de um imóvel exige conhecimento jurídico para proteger seu investimento. Verifique toda a documentação, coloque cada etapa no papel e conte com orientação especializada para evitar prejuízos. Um bom negócio começa com segurança jurídica, não apenas com um preço baixo.

Vai Comprar ou Vender um imóvel? Confira o artigo: Compra e Venda de Imóveis no Brasil: Guia Completo do Processo Legal.

Este artigo possui caráter meramente informativo e não constitui aconselhamento jurídico específico. Cada caso possui particularidades que devem ser analisadas por um advogado.


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FAQ - Perguntas Frequentes Sobre Como Negociar o Preço de um Imóve

Negocie o preço verificando primeiro toda a documentação do imóvel na matrícula atualizada. Use problemas encontrados (defeitos, dívidas, documentação faltando) como argumentos legais para pedir desconto. Coloque tudo no papel em contrato preliminar com cláusulas que te protegem.

Exija matrícula atualizada, certidão de ônus reais, IPTU quitado, habite-se e certidão de quitação condominial. Do vendedor, peça RG, CPF, certidão de casamento atualizada e certidões negativas de débitos. Sem esses papéis, não siga em frente.

Sim, o contrato particular vale entre as partes desde a assinatura. Porém, só o registro da escritura no cartório de imóveis te transforma em dono de verdade. Sem registro, você não é proprietário legal mesmo tendo pagado.

A lei garante direito a conserto, desconto proporcional do preço ou cancelamento do contrato. Você tem 90 dias depois de descobrir o defeito para reclamar na justiça. Guarde todas as provas do problema e procure um advogado rápido.

Por costume, o comprador paga o ITBI e as despesas de registro. Já as certidões e escritura podem ser negociadas entre as partes. Em São Paulo, o ITBI é de 3% sobre o valor venal ou declarado, o que for maior. Negocie essas condições antes de assinar o contrato.

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