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Como Vender um Imóvel: Guia Legal Completo para Proprietários

Como Vender um Imóvel: Guia Legal Completo para Proprietários
Indice

Vai Comprar ou Vender um imóvel? Confira o artigo: Compra e Venda de Imóveis no Brasil: Guia Completo do Processo Legal.

Vender um imóvel no Brasil vai muito além de encontrar um comprador. O mercado imobiliário movimentou R$ 128 bilhões em 2024, mas 37% das vendas atrasaram por causa de documentação irregular ou desconhecimento das etapas legais.

Este guia mostra o caminho completo para proprietários que querem vender com segurança, sem prejuízos nem dores de cabeça.

Você vai descobrir:

  • Quais documentos são obrigatórios e quanto tempo valem
  • Como evitar problemas com impostos e contratos
  • Situações especiais que exigem cuidado extra
  • Quando vale a pena contratar um advogado especializado

Antes de divulgar seu imóvel, faça uma análise jurídica completa. Problemas descobertos durante a negociação fazem 42% dos compradores desistirem, segundo pesquisa do Secovi-SP. A preparação antecipada evita transtornos e acelera a venda.

Checklist Jurídico Obrigatório

Verifique esses pontos antes de colocar a placa de “vende-se”:

  • Matrícula atualizada: confira se existem penhoras, hipotecas ou bloqueios registrados
  • Débitos quitados: IPTU, condomínio, água e luz precisam estar pagos
  • Registro correto: o nome na matrícula deve ser igual aos seus documentos
  • Construções regulares: reformas não registradas podem gerar multas de até 10% do valor do imóvel
  • Certidões negativas: comprove que não existem processos contra você

Quando Procurar um Advogado Imobiliário

Algumas situações pedem ajuda especializada para evitar problemas sérios:

  • Imóvel recebido de herança sem inventário finalizado
  • Venda usando procuração
  • Propriedade com inquilinos ou ocupantes
  • Existência de bloqueios ou restrições na matrícula
  • Dúvidas sobre o contrato e suas cláusulas

Nesses casos, um advogado especializado em direito imobiliário identifica riscos e orienta os caminhos legais corretos.

Documentação Completa para Vender Seu Imóvel

Reunir toda a documentação diminui o prazo de venda em até 60 dias. Bancos e compradores exigem comprovação de que está tudo em ordem antes de liberar o dinheiro.

Documentos que Você Precisa Apresentar

Separe e organize os seguintes documentos pessoais:

DocumentoPara que serve
RG e CPFCópias autenticadas para identificação
Certidão de casamento ou nascimentoComprovação do seu estado civil
Comprovante de residênciaEmitido há menos de 90 dias
Pacto antenupcialSe você fez acordo sobre bens no casamento
Certidão de óbitoPara quem ficou viúvo

Documentos do Imóvel que o Comprador Vai Pedir

O imóvel também precisa de documentação própria para provar que está regular:

  • Matrícula atualizada (validade de 30 dias)
  • Escritura registrada no Cartório de Registro de Imóveis
  • IPTU dos últimos 5 anos quitado
  • Certidão negativa de débitos do condomínio
  • Habite-se (obrigatório para imóveis construídos depois de 1997)
  • Certidão de ônus reais

Certidões Negativas: Para Que Servem

Essas certidões provam que você não tem pendências na Justiça nem dívidas com o governo:

  • Certidão da Justiça Federal
  • Certidão da Justiça Estadual (cível e criminal)
  • Certidão de distribuidores trabalhistas
  • Certidão de protestos
  • Certidão de dívida ativa (municipal, estadual e federal)

A validade é de 90 dias na maioria dos cartórios. Solicite os documentos com 45 dias de antecedência para não vencerem no meio da negociação.

Quanto Custa e Quanto Tempo Demora

O custo total para tirar todas as certidões fica entre R$ 400 e R$ 800 por CPF. A matrícula atualizada sai entre R$ 80 e R$ 150, dependendo do estado. Planeje o orçamento com antecedência.

Como Avaliar e Colocar o Preço Certo

Precificar errado é o motivo de 58% dos imóveis ficarem mais de 6 meses sem vender. Avaliar com critério técnico garante que você está pedindo o valor justo do mercado.

Como os Profissionais Avaliam Imóveis

A norma técnica brasileira ABNT NBR 14.653 estabelece os critérios que corretores e avaliadores devem seguir. O método mais usado é o comparativo, que analisa:

  • Localização e infraestrutura do bairro
  • Estado de conservação do imóvel
  • Tamanho e distribuição dos cômodos
  • Idade da construção
  • Vagas de garagem e áreas de lazer

Usar apenas o valor venal do IPTU como base gera erros de até 40% para mais ou para menos. A avaliação profissional alinha seu imóvel com o mercado real.

Valores de Referência em São Paulo para 2025

Segundo o índice FipeZAP de setembro de 2025, o metro quadrado médio em São Paulo chegou a R$ 11.721/m². Os valores variam conforme a região:

  • Zona Sul (Itaim Bibi, Vila Olímpia): R$ 14.000 a R$ 18.000/m²
  • Zona Oeste (Perdizes, Pinheiros): R$ 12.000 a R$ 16.000/m²
  • Zona Leste (Tatuapé, Anália Franco): R$ 8.500 a R$ 11.000/m²
  • ABC Paulista (Santo André, São Bernardo): R$ 7.000 a R$ 9.500/m²

Esses valores servem de referência, mas cada imóvel tem particularidades que influenciam o preço final.

Impostos que Você Precisa Conhecer na Venda

Ignorar as obrigações fiscais pode resultar em multas de até 75% sobre o imposto devido. Conhecer os tributos permite planejar e economizar legalmente.

ITBI: Quem Paga e Como Funciona

O Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) é responsabilidade do comprador por lei, mas isso pode ser negociado no contrato. A alíquota depende de cada cidade:

  • São Paulo: 3% sobre o maior valor (venal ou de venda)
  • Guarulhos: 2,7%
  • Santo André: 2%

O comprador precisa pagar o ITBI antes de assinar a escritura no cartório.

Imposto de Renda sobre o Lucro da Venda

Quando você vende por um valor maior do que pagou, precisa declarar esse lucro. O governo cobra 15% de Imposto de Renda sobre a diferença entre o preço de compra e o de venda.

Veja um exemplo prático: você comprou um apartamento por R$ 300.000 em 2015. Em 2025, vendeu por R$ 600.000. O lucro foi de R$ 300.000. O IR devido será R$ 45.000 (15% de R$ 300.000).

O pagamento acontece até o último dia útil do mês seguinte à venda, usando um boleto chamado DARF.

Quando Você Não Paga Imposto de Renda

Existem situações em que a lei isenta o vendedor do IR sobre o lucro:

  • O imóvel vendido é o único que você tem
  • O valor da venda não passa de R$ 440.000
  • Você não vendeu outro imóvel nos últimos 5 anos
  • Você usa o dinheiro da venda para comprar outro imóvel residencial em até 180 dias

Essas isenções ajudam quem está trocando de moradia ou vendendo a única propriedade.

Contrato de Compra e Venda: O Que Não Pode Faltar

O contrato é o documento que garante os direitos de vendedor e comprador. Cláusulas mal escritas abrem brecha para prejuízos e até processos judiciais.

Cláusulas Essenciais que Protegem Você

Um contrato completo e claro deve ter:

  • Dados completos das partes (nome, CPF, estado civil, regime de bens do casamento)
  • Descrição detalhada do imóvel (número da matrícula, endereço, tamanho)
  • Valor total e como será pago (à vista, financiamento ou parcelado)
  • Prazo para assinar a escritura definitiva
  • Quem paga os débitos anteriores à venda
  • Multa se houver atraso ou desistência
  • Foro (cidade) onde os problemas serão resolvidos na Justiça

Essas cláusulas evitam surpresas desagradáveis e deixam tudo combinado desde o início.

Diferenças entre Venda à Vista e Venda Financiada

O tipo de pagamento escolhido muda o tempo e as exigências do processo:

AspectoVenda à VistaVenda Financiada
Tempo médio30 a 45 dias60 a 90 dias
Análise de documentosMais simplesRigorosa pelo banco
Como você recebeTudo na escrituraEntrada + depois o banco paga
Risco de desistirBaixoMédio (banco pode negar crédito)

Quando o comprador usa financiamento bancário, o banco faz uma vistoria própria e exige documentação extra, o que aumenta o tempo de conclusão.

Arras: O Sinal que Garante o Negócio

O sinal dado pelo comprador tem nome técnico: arras. Existem dois tipos com efeitos diferentes.

Arras confirmatórias funcionam assim: se o comprador desistir sem motivo justo, perde o dinheiro dado como sinal. Se o vendedor desistir, tem que devolver o dobro do valor recebido.

Arras penitenciais permitem arrependimento: o comprador perde o sinal se desistir, mas o vendedor só devolve o valor simples. Essa opção precisa estar escrita no contrato.

Situações Especiais na Venda de Imóveis

Alguns casos pedem atenção redobrada e procedimentos específicos para que a venda seja válida perante a lei.

Venda de Imóvel Recebido de Herança

Quando você herda um imóvel, não pode vendê-lo imediatamente. Antes, é preciso:

Fazer o inventário (judicial ou em cartório): processo que divide os bens entre os herdeiros.

Registrar o formal de partilha: documento que prova que você é o novo dono.

Ter autorização dos outros herdeiros: se mais alguém herdou junto com você.

Vender antes de terminar o inventário torna a venda inválida. Um comprador prejudicado pode entrar na Justiça e anular tudo.

Venda de Imóvel Alugado

Você pode vender um imóvel que tem inquilino, mas ele tem direito de comprar primeiro (Lei do Inquilinato, artigo 27). O procedimento correto é:

  1. Avisar o inquilino sobre a venda com 30 dias de antecedência
  2. Oferecer o imóvel nas mesmas condições que ofereceria a outros
  3. Esperar a resposta dele por até 30 dias

Se o inquilino não quiser comprar ou não responder, você pode vender normalmente. O contrato de aluguel continua valendo para quem comprar.

Venda por Procuração: Cuidados Importantes

Quando você não pode estar presente na venda, outra pessoa pode assinar por você usando uma procuração pública. Mas atenção: a procuração deve conter:

  • Poderes específicos para vender aquele imóvel (procuração genérica não serve)
  • Número da matrícula e endereço completo do imóvel
  • Valor mínimo da venda (opcional, mas recomendado para proteção)
  • Prazo de validade

Procurações muito antigas (mais de 5 anos) podem ser recusadas pelos cartórios. Se a sua está velha, faça uma nova para garantir segurança.

Escritura e Registro: Como Oficializar a Venda

A escritura e o registro são as etapas finais que transferem oficialmente a propriedade. Erros aqui geram processos e gastos extras desnecessários.

Escritura Pública no Cartório

A escritura é feita em qualquer Tabelionato de Notas. O processo funciona assim:

Escolha e agendamento: leve toda a documentação antes para o cartório conferir.

Dia da assinatura: vendedor, comprador e cônjuges (se forem casados) comparecem juntos.

Leitura do documento: o tabelião lê em voz alta e todos assinam.

Pagamento das taxas: os valores variam entre R$ 3.000 e R$ 8.000, dependendo do preço do imóvel.

A escritura tem validade jurídica total, mas não transfere a propriedade de fato. Isso só acontece no próximo passo.

Registro no Cartório de Imóveis

Depois da escritura, o documento vai para o Cartório de Registro de Imóveis da região onde fica o imóvel. O registro:

  • Transfere oficialmente a propriedade
  • Atualiza a matrícula com o nome do novo dono
  • Protege contra outros interessados

O prazo de registro é de 15 a 30 dias. Os custos ficam entre 1% e 2% do valor venal do imóvel. Só depois do registro a venda está 100% concluída.

Como Se Proteger de Golpes e Fraudes

Golpes imobiliários causam prejuízos de R$ 2,3 bilhões por ano no Brasil, segundo dados da Polícia Federal. Siga essas orientações para não cair em armadilhas:

  • Nunca aceite dinheiro em espécie acima de R$ 30.000
  • Peça comprovante de transferência bancária em todas as operações
  • Desconfie de propostas muito acima do valor de mercado (podem ser golpe)
  • Confira documentos originais do comprador pessoalmente
  • Consulte a matrícula atualizada antes de assinar qualquer papel
  • Não entregue as chaves antes de receber o pagamento completo
  • Nunca assine contratos com espaços em branco

Golpistas se aproveitam de vendedores apressados ou desinformados. A precaução é seu melhor aliado.

Quando a Assessoria Jurídica Pode Fazer a Diferença

Um advogado imobiliário orienta e torna o processo mais seguro. A ajuda profissional oferece:

Análise preventiva da documentação: identifica problemas antes de você anunciar o imóvel, evitando desgaste nas negociações.

Elaboração de contrato personalizado: cláusulas feitas sob medida para sua situação específica, protegendo seus interesses.

Acompanhamento no cartório: presença na escritura e registro, garantindo que tudo seja feito corretamente.

Orientação sobre impostos: planejamento para pagar menos tributos dentro da lei, usando as isenções disponíveis.

Resolução de conflitos: intermediação quando surgem problemas com desistência ou atrasos no pagamento.

Proteção contra fraudes: verificação de autenticidade dos documentos e da identidade dos compradores.

Em situações complexas como heranças sem inventário, imóveis com bloqueios ou propriedades irregulares, ter um advogado deixa de ser opcional e passa a ser essencial para conseguir vender com tranquilidade.

O Que Você Pode Fazer Agora

Vender sem planejamento jurídico expõe você a riscos que poderiam ser evitados. Comece reunindo toda a documentação, pedindo a matrícula atualizada e verificando se existem débitos pendentes. Se encontrar irregularidades, procure orientação especializada antes de colocar o imóvel à venda.

A segurança jurídica não é um custo extra. É um investimento que protege seu patrimônio e acelera o fechamento do negócio. Com ajuda profissional quando necessário, você evita processos, reduz impostos dentro da lei e conclui a venda com paz de espírito.

Vai Comprar ou Vender um imóvel? Confira o artigo: Compra e Venda de Imóveis no Brasil: Guia Completo do Processo Legal.

*Este artigo possui caráter meramente informativo e não constitui aconselhamento jurídico específico. Cada caso possui particularidades que devem ser analisadas por um advogado.

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Assessoria jurídica especializada em direito Imobiliário com foco em compra, venda, regularização e Leilão de imóveis

Perguntas Frequentes Sobre Como Vender um Imóvel

O prazo médio é de 4 a 6 meses, segundo o Secovi-SP. Imóveis com documentação completa e preço alinhado ao mercado vendem 60% mais rápido que os demais.

Por lei, o ITBI é responsabilidade do comprador. Mas o contrato pode definir que o vendedor pague parte ou tudo como estratégia de negociação para fechar o negócio.

Sim. O comprador pode assumir o financiamento (fazer portabilidade) ou pagar o saldo devedor com recursos próprios. O banco que emprestou o dinheiro precisa autorizar a operação.

Não. A venda direta entre proprietário e comprador é totalmente legal. Mas o corretor facilita a divulgação, a negociação e traz mais segurança ao processo.

A venda vai na ficha “Ganhos de Capital” da sua declaração anual. O pagamento do imposto deve ser feito até o último dia útil do mês seguinte à venda, usando o DARF.

Sim. Você paga Imposto de Renda sobre o lucro se vender por mais do que o valor declarado no inventário. O ITBI também é cobrado na transferência.

Depende do que está escrito no contrato. Com arras confirmatórias, o comprador perde o sinal dado. Sem essa previsão, você pode entrar na Justiça pedindo indenização por perdas e danos.

Não é possível registrar a venda enquanto existir penhora. Você precisa quitar a dívida que causou o bloqueio ou negociar com quem está cobrando antes de vender.

As taxas dos cartórios variam entre 0,5% e 2% do valor do imóvel, dependendo do estado. Em São Paulo, a média fica em 1,5% sobre o valor de venda.

Não. Se o valor de venda for igual ou menor que o de compra (corrigido pela inflação), não existe lucro. Sem lucro, não há Imposto de Renda a pagar.

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