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Varanda Integrada à Sala: É Legal? Documentação Necessária e Riscos de Reformas não Registradas

Varanda Integrada à Sala: É Legal? Documentação Necessária e Riscos de Reformas não Registradas
Advogado Imobiliário
Apoio jurídico em questões imobiliárias
Indice

Aquela ideia de transformar a varanda pequena em extensão da sala é tentadora. Mais espaço, melhor aproveitamento. Mas será que dá pra fazer assim, de forma tão simples?

A resposta é: não é tão simples assim. Integrar varanda à sala envolve leis, burocracias e questões técnicas que podem complicar sua vida se feitas errado.

Neste artigo, você vai entender:

  • Se é legal integrar varanda à sala (resposta direta)

  • Quais documentos você realmente precisa

  • A diferença entre reforma feita com regras e sem regras

  • Os riscos de fazer tudo “por baixo”

  • O passo a passo correto

  • Quando buscar ajuda legal

O Que é Varanda Integrada À Sala (De Verdade)

Varanda integrada é quando você remove a parede ou vidro que separa a varanda do ambiente interno. Resultado: um único espaço maior.

Parece simples visualmente, mas legalmente é outra história.

Existem dois tipos principais:

  • Envidraçamento completo: você fecha a varanda com vidro fixo (não abre mais)

  • Vidro sanfonado ou cortina: você coloca um vidro que se dobra ou desliza (consegue abrir e fechar)

Essa diferença é super importante para fins legais, como vamos ver.

É Legal Integrar Varanda à Sala? Resposta Direta

Sim, pode ser legal. MAS existem condições rígidas que você precisa cumprir.

O Código Civil brasileiro permite que você faça reformas no seu apartamento. Mas essa liberdade tem limites claros que ninguém pode pular.

Quando a Lei Permite

  • A integração não pode mexer na estrutura da construção

  • Não pode colocar em risco a segurança do prédio

  • Não pode modificar a fachada sem autorização do condomínio

  • Deve respeitar o regulamento interno do condomínio

  • Deve seguir as regras da prefeitura local

  • A varanda precisa ter capacidade estrutural (peso do vidro)

Quando a Lei NÃO Permite

  • Se o regulamento do condomínio proíbe

  • Se a estrutura da varanda não aguenta o peso (principalmente em envidraçamento)

  • Se há riscos estruturais confirmados

  • Se a reforma aumentar a área construída (conforme a prefeitura interpreta)

Fato importante para quem mora em São Paulo: A prefeitura permite que áreas externas ocupem até 10% da área total do apartamento. Mas depende do tipo de fechamento. Vidro permanente é frequentemente considerado aumento de área. Vidro sanfonado (removível) geralmente não é.

Documentação Necessária: O Que Você Realmente Precisa Juntar

Se quer fazer tudo correto, prepare-se para lidar com vários documentos. Vamos explicar cada um de forma simples.

1. Autorização do Condomínio

O que é: Uma aprovação formal do condomínio para sua reforma.

Como funciona:

  • Você consulta o síndico ou o regulamento do condomínio

  • Se permitir, pede autorização formal

  • Às vezes é necessário passar por votação em assembleia

  • O condomínio emite um documento oficial

Tempo: 15 a 60 dias (depende de assembleias)

2. Projeto Arquitetônico

O que é: Desenho técnico mostrando como ficará a integração.

Deve ter:

  • Desenho antes e depois

  • Indicação se paredes serão removidas

  • Tipo e especificação do vidro

  • Detalhes técnicos da estrutura

Quem faz: Arquiteto ou engenheiro registrado no CREA

Custo aproximado: R$ 1.000 a R$ 3.000

3. ART (Anotação de Responsabilidade Técnica)

O que é: Registro oficial que identifica quem é o responsável técnico pela obra.

Por que importa:

  • Torna o profissional responsável legalmente

  • Protege você em caso de problemas

  • É exigida para reformas com mudanças estruturais

Quem faz: O engenheiro ou arquiteto

Custo aproximado: R$ 200 a R$ 400

4. Laudo Técnico de Envidraçamento (quando necessário)

O que é: Relatório de um engenheiro certificando que a estrutura aguenta o peso do vidro.

Por que é importante:

  • Garante que nada vai desabar

  • Verifica a capacidade de carga

  • Avalia a segurança

Custo aproximado: R$ 800 a R$ 2.000

Normas técnicas que devem ser seguidas:

  • NBR 16.259 (requisitos de vidro em sacadas)

  • NBR 16.280 (exigências para reformas)

  • NBR 6.118 (estruturas de concreto)

5. Alvará de Obra (se a prefeitura exigir)

O que é: Licença da prefeitura para executar a obra.

Quando é obrigatório:

  • Varia muito por município

  • Em São Paulo, é exigido se alterar a fachada

  • Algumas prefeituras só exigem para obras comerciais

Como obter:

  • Protocola os documentos acima na Secretaria Municipal

  • Aguarda análise

  • Recebe o alvará

Tempo: 30 a 60 dias

Custo aproximado: R$ 500 a R$ 2.000

Passo a Passo: Como Fazer Uma Integração Correta

Está decidido em fazer tudo certo? Siga este roteiro:

Passo 1: Verifique o Regulamento do Condomínio

  • Peça cópia do regulamento ao síndico

  • Procure por restrições sobre reforma na fachada

  • Veja se precisa de aprovação em assembleia

Passo 2: Contrate um Profissional Técnico

  • Procure arquiteto ou engenheiro com experiência em reformas

  • Peça orçamento e prazo

  • Explique claramente suas intenções

Passo 3: Avaliação Estrutural

  • O profissional avalia se a varanda aguenta o peso

  • Se necessário, solicita laudo técnico

  • Se houver problemas estruturais, você descobre antes de gastar dinheiro

Passo 4: Projeto e ART

  • O profissional entrega o projeto arquitetônico

  • Faz a ART

  • Você recebe cópias de tudo

Passo 5: Autorização do Condomínio

  • Protocola os documentos no condomínio

  • Aguarda aprovação em assembleia (se necessário)

  • Obtém autorização formal por escrito

Passo 6: Licenciamento na Prefeitura (se necessário)

  • Verifica com a prefeitura se precisa de alvará

  • Se precisar, protocola os documentos

  • Aguarda aprovação

  • Recebe o alvará de obra

Passo 7: Execução da Obra

  • Contrata a construtora ou empreiteiro

  • Certifica-se de que segue o projeto aprovado

  • Fiscaliza o andamento

Passo 8: Registro e Averbação (MUITO IMPORTANTE)

  • Após conclusão, o profissional faz o registro de conclusão na prefeitura

  • Você deve averbar a alteração no cartório de imóveis

  • Isso oficializa a mudança na documentação do imóvel

Reforma Registrada vs. Reforma Não Registrada: A Diferença Crucial

Aqui está o ponto que a maioria não entende. Vamos deixar bem claro:

Reforma Registrada (Feita Corretamente)

Características:

  • Tem autorização do condomínio (por escrito)

  • Tem projeto aprovado

  • Tem ART do profissional responsável

  • Pode ter alvará de obra da prefeitura

  • Foi averbada no cartório de imóveis

Vantagens:

  • Você não corre riscos legais

  • Se algo der errado (vazamento, rachadura), há responsável técnico

  • Ao vender, o novo dono terá tudo em dia

  • Bancos financiam normalmente

  • Agrega valor ao apartamento

  • Seguros cobrem sinistros

Reforma Não Registrada

Características:

  • Feita sem autorização do condomínio

  • Sem projeto técnico

  • Sem ART

  • Sem alvará

  • Não foi averbada no cartório

O que pode dar errado:

  • Condomínio descobre e ordena remoção

  • Você recebe multa

  • Problemas estruturais podem surgir (sem responsável técnico)

  • Ao vender, comprador descobre e recusa

  • Bancos recusam financiamento

  • Seguros não cobrem danos

  • Você fica responsável por qualquer acidente

Os Riscos Reais: O Que Pode Acontecer)

Vamos ser direto sobre os riscos concretos que você corre:

Risco 1: Condomínio Descobre e Ordena Remoção

O condomínio descobre a reforma e ordena que você desfaça tudo. Como acontece:

  • Um vizinho reclama ou o síndico vê durante vistoria

  • Você recebe notificação formal

  • Se não cumprir, condomínio entra na Justiça

  • Você é obrigado a remover tudo

Custo: Além do que gastou na reforma, ainda paga a remoção.

Risco 2: Multas do Condomínio

O regulamento prevê multas para reformas não autorizadas. Valores típicos: R$ 500 a R$ 5.000.

Como funciona:

  • O regulamento prevê multas por violação

  • Condomínio pode cobrar multas em sequência

  • Se não pagar, vira débito de condomínio

Risco 3: Problemas Estruturais Sérios

A varanda desaba, vidro cai, há vazamento de água ou rachaduras. Por quê:

  • Ninguém analisou se a estrutura aguenta

  • Materiais inadequados foram usados

  • Instalação feita sem competência técnica

Consequências:

  • Você é responsável por danos a terceiros

  • Pode haver feridos

  • Você será processado por negligência

  • Terá de pagar indenizações muito altas

Risco 4: Problemas ao Vender o Apartamento

Você quer vender e o comprador descobre a reforma não regularizada.

O que acontece:

  • Comprador recusa a compra (perde o negócio)

  • Se descobre depois, pode processar você

  • Bancos não financiam apartamento com reforma irregular

  • Valor do imóvel cai bastante

Cenário real: Um apartamento “com varanda integrada” vira um passivo, não um ativo. Você pode até precisar desfazê-la para vender.

Risco 5: Problemas com Seguros

As seguradoras consultam a matrícula do imóvel. Se descobrem reforma não registrada:

  • Podem negar cobertura

  • Em caso de sinistro, você fica desprotegido

  • Quem pagou por seguro que não vale perde dinheiro

Risco 6: Responsabilidade em Caso de Acidente

Se a reforma não registrada causar acidente grave (desabamento, morte), você pode ter responsabilidade criminal por negligência ou colocar em risco a segurança do prédio.

E Se Você Já Fez a Reforma Sem Registrar?

Se você já integrou a varanda sem passar por nenhum processo acima, a boa notícia é: ainda há solução.

Opção 1: Regularização Voluntária

Você procura regularizar a obra que já foi feita.

Como fazer:

  • Contratar arquiteto para fazer projeto “as-built” (como ficou)

  • Executar laudo técnico de envidraçamento

  • Solicitar retroativamente autorização do condomínio

  • Protocolar regularização na prefeitura

  • Averbar no cartório

Tempo: 3 a 6 meses

Custo: R$ 3.000 a R$ 8.000

Desafio: Condomínio pode aceitar ou recusar.

Opção 2: Mediação com Condomínio

Você conversa com o síndico e tenta um acordo formal.

Como funciona:

  • Negociação direta para encontrar solução

  • Oferecer regularizar de forma retroativa

  • Buscar acordo sem precisar de processo

Taxa de sucesso: Moderada (depende do condomínio)

Opção 3: Ação Judicial

Quando usar: Se condomínio recusa e você acredita ter direito.

Como funciona:

  • Você vai à Justiça pedindo autorização para manter a reforma

  • Juiz analisa se há violação real

  • Pode resultar em autorização para manter a reforma

Quando Buscar Orientação com um Advogado Especialista

Um advogado imobiliário pode oferecer orientação em várias situações:

Na Fase de Planejamento (Antes da Reforma)

  • Análise do regulamento do condomínio para identificar obstáculos

  • Orientação clara sobre riscos e obrigações

  • Redação de ofícios formais para solicitar autorização

  • Orientação sobre como apresentar o projeto em assembleia

  • Informações sobre legislação municipal específica (cada cidade tem regras diferentes)

Quando Há Conflito com o Condomínio

  • Análise da situação e riscos reais

  • Correspondência formal com o condomínio

  • Orientação se há ameaça de embargo ou multa

  • Informações sobre opcões de defesa

Para Reforma Já Feita Sem Documentação

  • Avaliação de quais riscos são urgentes

  • Informações sobre o processo de regularização

  • Orientação sobre negociação com condomínio

  • Esclarecimento sobre próximos passos legais

Na Hora de Vender o Imóvel

  • Verificação se tudo está em dia

  • Orientação sobre como informar o comprador

  • Informações sobre possíveis irregularidades

Em Caso de Acidente ou Problema Estrutural

  • Orientação sobre responsabilidades

  • Esclarecimento sobre proteção legal

  • Informações sobre indenizações

O ponto importante: Um profissional especializado ajuda você a entender suas opções legais e evitar erros custosos. Não é sobre ganhar ou perder; é sobre estar protegido.

Por Que a Avaliação Técnica Não Pode Ser Ignorada

Muitas pessoas pensam: “Por que preciso de engenheiro? Vou apenas fechar o vidro!”

A resposta é simples: segurança e responsabilidade legal.

O Que a Avaliação Técnica Verifica

Uma avaliação técnica adequada analisa:

  • Capacidade de carga: A varanda aguenta o peso do vidro, das pessoas e móveis?

  • Condições da estrutura: Há rachaduras, infiltrações ou deterioração?

  • Tipo de vidro adequado: Qual vidro é melhor para aquela altura e exposição ao vento?

  • Ancoragem: Como o vidro será fixado de forma segura?

  • Isolamento térmico e acústico: O vidro oferece conforto?

  • Drenagem de água: Como a chuva será drenada?

Cenários Críticos

Apartamento antigo (30+ anos): Estruturas antigas podem perder capacidade de carga. Um laudo identifica isso.

Apartamento em altura (acima do 15º andar): Vento é muito mais forte. O vidro precisa ser mais resistente.

Prédio em zona de risco sísmico: Certos vidros podem não ser adequados.

Se nenhum desses fatores for avaliado e algo der errado, a responsabilidade é sua.

A Lei Que Vale Aqui: O Que Você Precisa Saber

Código Civil Brasileiro

Artigo 1.336, Inciso II: “São deveres do condômino: não fazer obras que comprometam a segurança da edificação, nem aquelas cuja execução não seja tecnicamente possível.”

O que significa: Você não pode fazer reforma que coloque em risco a estrutura. Se fizer, viola a lei.

Lei de Condomínios (Lei nº 4.591/1964)

A lei estabelece que o condomínio tem direito de fiscalizar obras que afetem a parte comum ou a fachada.

Normas Técnicas (ABNT)

Existem normas que definem como fazer tudo corretamente:

  • NBR 16.259 (requisitos para vidro em sacadas)

  • NBR 16.280 (exigências para reformas)

  • NBR 6.118 (estruturas de concreto)

Legislação da Prefeitura (Cada Cidade é Diferente)

Em São Paulo, por exemplo:

  • Varandas podem ser “área não computada” se fechadas com vidro removível

  • Envidraçamento permanente é frequentemente considerado aumento de área

  • Reforma que altera fachada precisa de alvará

Caso Real: O Que Pode Dar Errado

Cenário: João comprou apartamento em São Paulo e decidiu integrar a varanda “sem gastar com intermediários”. Contratou vidraceiro que cobrou R$ 15 mil.

O que ele não fez:

  • Não pediu autorização do condomínio

  • Não fez projeto técnico

  • Não fez laudo de envidraçamento

  • Não regularizou na prefeitura

O que aconteceu:

  • 2 meses depois, síndico detectou

  • Condomínio pediu para remover o vidro

  • João recusou

  • Condomínio entrou na Justiça

  • João foi condenado a remover e pagar multa de R$ 2.000

  • Ainda pagou honorários de advogado

Custo total: R$ 15 mil (vidro) + R$ 2 mil (multa) + R$ 3 mil (advogado) + remoção = R$ 20 mil ou mais

Se João tivesse feito correto desde o início, teria gasto R$ 5 mil em documentação e processos. O jeito correto é muito mais barato.

O Que Você Pode Fazer a Partir de Agora

Está pensando em integrar a varanda? Não cometa o erro que muitas pessoas cometem fazendo “na informalidade”.

Se você está em São Paulo ou região, comece com uma conversa com um profissional especializado em direito imobiliário. Uma avaliação inicial pode poupar você de meses de complicações.

Se você já tem uma reforma feita sem documentação, não desista. Ainda há tempo para regularizar. Procure um profissional para analisar seu caso específico.

E se o seu condomínio está dificultando a autorização e você acredita ter direito? Existem caminhos legais para resolver.

Este artigo possui caráter meramente informativo e não constitui aconselhamento jurídico específico. Cada caso possui particularidades que devem ser analisadas por um advogado.


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FAQ - Perguntas Frequentes Sobre Varanda Integrada à Sala: É Legal?

Tecnicamente, vidro sanfonado é “removível”, o que reduz algumas regulamentações. Porém, você AINDA precisa de autorização do condomínio. Muitos condomínios exigem autorização mesmo para vidro sanfonado. A melhor prática é sempre solicitar.

Aproximadamente R$ 3 mil a R$ 8 mil, dependendo de quantos obstáculos aparecem. Se o condomínio coopera, fica mais barato. Se houver resistência, fica mais caro.

O comprador pode descobrir, recusar a compra ou processar você depois. Bancos não financiam apartamentos com irregularidades. Você perde o negócio ou tem litígio.

Depende de como a prefeitura interpreta. Se considera aumento de área construída (o que frequentemente acontece), sim, pode aumentar. Vidro sanfonado geralmente não gera aumento porque é removível.

ART: Registro que identifica o responsável técnico pela obra. É quem assina a responsabilidade legal.

Laudo técnico: Relatório que analisa se é viável tecnicamente (se a estrutura aguenta).

Ambos são necessários.

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