Registro de Imóveis: Como Funciona e Por Que É Obrigatório
Vai Comprar ou Vender um imóvel? Confira o artigo: Compra e Venda de Imóveis no Brasil: Guia Completo do Processo Legal.
Por Que Só a Escritura Não Basta
Você pagou pelo imóvel, assinou a escritura e recebeu as chaves. Mas ainda não é o dono legal da propriedade. Parece estranho? Essa é uma das maiores confusões no mercado imobiliário brasileiro. O registro de imóveis é o único ato que transforma você em proprietário de verdade, protegendo seu patrimônio contra fraudes, vendas duplicadas e problemas com o antigo dono.
Neste guia completo, você vai entender:
- O que é o registro de imóveis e como ele funciona na prática
- Por que apenas a escritura não garante a posse legal do bem
- Qual é a diferença entre escritura, matrícula e registro
- Quanto custa registrar um imóvel e quais documentos você precisa
- O que acontece se você não registrar o imóvel no prazo correto
- Como verificar se um imóvel tem pendências antes de comprar
O Que É Registro de Imóveis na Prática
O registro de imóveis é o ato oficial que coloca seu nome como dono legal de uma propriedade. Ele acontece no Cartório de Registro de Imóveis, que funciona como um guardião das informações de todas as propriedades de uma região específica. Sem esse registro, você não tem direito real sobre o imóvel, mesmo tendo pago integralmente por ele.
Imagine que a escritura é como um contrato assinado entre você e o vendedor. Já o registro é o carimbo oficial do governo dizendo: “agora essa pessoa é a dona de verdade”. É esse carimbo que te protege e dá segurança jurídica.
O Código Civil brasileiro, no artigo 1.245, deixa bem claro: “Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis”. Ou seja, a lei exige o registro para que a transferência seja válida.
Por Que a Lei Exige o Registro
O registro de imóveis é obrigatório por três motivos principais que protegem você e a sociedade.
Segurança jurídica é o primeiro deles. Com o registro, você evita que o antigo dono venda o mesmo imóvel para outra pessoa, uma fraude conhecida como venda duplicada. Também fica protegido contra dívidas que o vendedor tinha antes de você comprar.
Publicidade é o segundo motivo. Quando você registra, a informação fica pública e acessível para qualquer pessoa consultar. Isso traz transparência para o mercado imobiliário e evita golpes.
Proteção do patrimônio é o terceiro ponto. Somente imóveis registrados entram oficialmente no seu patrimônio. Se você quiser vender, alugar, fazer uma reforma grande ou usar o imóvel como garantia em um empréstimo, vai precisar do registro.
Em São Paulo e outras grandes cidades, o registro é ainda mais importante porque há muitos casos de fraudes imobiliárias. Os cartórios de registro da capital paulista têm sistemas de segurança para evitar documentos falsos.
Escritura, Matrícula e Registro: Entenda a Diferença
Muita gente confunde esses três documentos, mas cada um tem uma função específica.
Escritura Pública de Compra e Venda
A escritura é o documento que oficializa o acordo de compra e venda entre você e o vendedor. Ela é feita no Cartório de Notas e contém todos os detalhes da negociação: preço do imóvel, forma de pagamento, data de entrega das chaves e identificação das partes. A escritura sozinha não transfere a propriedade.
Matrícula: A Identidade do Imóvel
A matrícula é como a certidão de nascimento do imóvel. É um registro único que fica no Cartório de Registro de Imóveis e contém todo o histórico da propriedade. Nela constam: localização exata, metragem, nome de todos os donos anteriores, hipotecas, penhoras e qualquer outro problema que o imóvel tenha ou já teve.
Registro: O Ato Que Te Torna Proprietário
O registro é o ato de anotar a escritura na matrícula do imóvel. É esse passo que transforma você em dono legal. Quando o cartório faz o registro, seu nome passa a constar oficialmente como proprietário na matrícula.
Passo a Passo Para Registrar Seu Imóvel
O processo de registro segue um passo a passo organizado que protege comprador e vendedor.
1. Assinar a Escritura Pública
Você, o vendedor e duas testemunhas vão ao Cartório de Notas para assinar a escritura. Todos precisam levar RG, CPF e comprovante de residência. O tabelião lê o documento em voz alta e todos assinam.
2. Pagar o ITBI na Prefeitura
Antes de registrar, você precisa pagar o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) na prefeitura da cidade onde fica o imóvel. Esse imposto costuma ser de 2% a 3% do valor do imóvel. Sem o comprovante de pagamento do ITBI, o cartório não faz o registro.
3. Protocolar no Cartório de Registro
Com a escritura e o comprovante do ITBI em mãos, você leva os documentos ao Cartório de Registro de Imóveis da região onde fica o imóvel. Em São Paulo, cada bairro tem um cartório responsável, chamado de circunscrição. Por exemplo, imóveis em Pinheiros são registrados no 10º Registro de Imóveis.
4. Aguardar a Análise do Cartório
O cartório tem até 10 dias para analisar todos os documentos. Os oficiais verificam se a escritura está correta, se o vendedor era realmente o dono, se o ITBI foi pago e se não há nenhuma irregularidade. Em casos mais simples, esse prazo pode ser de apenas 5 dias.
5. Registro Efetivado e Certidão
Depois da análise, o cartório anota a escritura na matrícula do imóvel. A partir desse momento, você passa a ser o proprietário legal. O cartório emite uma certidão de registro que comprova que tudo foi feito corretamente.
Documentos Necessários Para o Registro
Para fazer o registro, você precisa apresentar documentos seus e do imóvel.
Documentos pessoais do comprador:
- RG e CPF originais
- Certidão de casamento ou união estável atualizada (se for casado)
- Comprovante de residência recente
- Comprovante de renda (em alguns casos)
Documentos do imóvel:
- Escritura pública original
- Comprovante de pagamento do ITBI
- Certidão de matrícula atualizada
- Certidão negativa de débitos do imóvel (IPTU, condomínio)
- Certidão de ônus reais
Documentos do vendedor:
- RG e CPF
- Certidão de casamento (se aplicável)
- Comprovante de quitação do IPTU
Cada cartório pode pedir documentos específicos dependendo da situação do imóvel. Por isso, vale a pena ligar antes e confirmar a lista completa.
Custos do Registro de Imóveis em 2025
O custo total para registrar um imóvel envolve a escritura, o registro e os impostos.
Valores Médios Para Imóvel de R$ 500 Mil
Para um imóvel de R$ 500.000, você vai gastar aproximadamente:
- Escritura pública: R$ 5.000 (cerca de 1% do valor do imóvel)
- Registro no cartório: R$ 5.000 (cerca de 1% do valor do imóvel)
- ITBI: R$ 10.000 a R$ 15.000 (2% a 3% do valor do imóvel)
- Certidões diversas: R$ 500 a R$ 1.000
O custo total fica entre R$ 20.500 e R$ 26.000 para esse exemplo. Em São Paulo, os valores dos cartórios seguem uma tabela oficial definida pelo governo do estado. O valor da UFESP (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo) em janeiro de 2025 é de R$ 37,02, e os emolumentos são calculados com base nessa unidade.
Imóveis mais caros pagam proporcionalmente mais, e imóveis mais baratos pagam menos. Alguns estados têm descontos para imóveis de programas habitacionais.
Prazo Ideal Para Fazer o Registro
O prazo recomendado para registrar um imóvel é de até 30 dias após a assinatura da escritura. Esse prazo não é obrigatório por lei, mas é uma boa prática para evitar problemas.
Se você demorar muito para registrar, pode perder dinheiro caso o vendedor tenha dívidas que sejam registradas na matrícula nesse meio tempo. Além disso, enquanto não registrar, você não é o dono legal e não pode vender, alugar ou fazer financiamentos usando o imóvel.
O cartório, por sua vez, tem prazos regulamentares para fazer a análise e efetivar o registro. Em casos normais, o cartório leva de 5 a 10 dias úteis após o protocolo. Se houver alguma pendência nos documentos, o prazo pode aumentar.
Informações Que Constam na Matrícula
A matrícula é o documento mais importante para entender a situação real de um imóvel. Ela mostra o histórico completo da propriedade e alerta sobre possíveis problemas.
Informações básicas:
- Endereço completo, lote, quadra e subdistrito
- Metragem do terreno e área construída
- Nome completo do proprietário atual
- CPF, RG e estado civil do dono
Histórico de transferências:
- Todos os proprietários anteriores
- Datas de cada compra e venda
- Referência aos documentos usados nos registros
Ônus e gravames:
- Hipotecas ativas ou quitadas
- Penhoras judiciais
- Alienação fiduciária (financiamento)
- Servidões de passagem
- Usufruto
Pendências e restrições:
- Ações judiciais em andamento
- Débitos de IPTU
- Restrições administrativas
- Cláusulas de impenhorabilidade ou incomunicabilidade
Na matrícula, os registros são identificados pela letra “R” e as averbações pela letra “AV”. Quando uma hipoteca ou penhora é paga, o cartório faz uma averbação de baixa. É importante verificar se todas as pendências antigas têm as respectivas baixas registradas.
Como Checar Pendências Antes da Compra
Antes de fechar a compra de um imóvel, você deve verificar se ele está livre de problemas. Essa verificação evita surpresas desagradáveis e protege seu investimento.
Solicite a Certidão de Matrícula Atualizada
Peça ao vendedor ou vá pessoalmente ao cartório para pegar a certidão de matrícula com ônus e ações. Esse documento mostra se há hipotecas, penhoras, ações judiciais ou qualquer outro problema no imóvel.
Verifique Se Todas as Pendências Têm Baixa
Procure na matrícula por todas as anotações de “AV” (averbação). Para cada pendência registrada, deve existir uma averbação de baixa correspondente. Se alguma pendência estiver sem cancelamento, converse com o vendedor para regularizar antes de comprar.
Consulte o Sistema Nacional de Registradores
Você pode fazer consultas online pelo site dos registradores para verificar informações básicas do imóvel. Em São Paulo, muitos cartórios também oferecem consulta pela internet.
Confirme a Circunscrição Correta
Em cidades grandes como São Paulo, cada região tem um cartório responsável. Confirme em qual cartório o imóvel está registrado para não perder tempo indo ao local errado. Os sites dos cartórios paulistas geralmente têm ferramentas de pesquisa por endereço.
Riscos de Não Registrar o Imóvel
Deixar de registrar o imóvel traz riscos graves para quem compra.
Você não se torna o dono legal: Mesmo tendo pago e recebido as chaves, a lei não reconhece você como proprietário. O antigo dono ainda aparece como titular na matrícula.
O imóvel pode ser penhorado: Se o vendedor tiver dívidas ou processos judiciais, o imóvel pode ser penhorado para pagar esses débitos, mesmo você já morando nele. Isso acontece porque, sem o registro, o bem ainda está legalmente no nome do antigo dono.
Você não pode vender ou alugar: Sem ser o proprietário legal, você não consegue vender o imóvel para outra pessoa nem fazer contratos de aluguel seguros. Também não pode usar o imóvel como garantia em financiamentos.
Risco de venda duplicada: O vendedor mal-intencionado pode vender o mesmo imóvel para outra pessoa. Se essa outra pessoa registrar primeiro, ela se torna a dona legal, e você terá que entrar na justiça para resolver.
Problemas com herança: Se você falecer sem ter registrado o imóvel, seus herdeiros vão enfrentar dificuldades enormes para provar que o bem pertencia a você. Isso pode gerar processos longos e caros.
Registro de Imóveis em São Paulo
São Paulo possui diversos cartórios de registro de imóveis, cada um responsável por uma região específica da cidade. Essa divisão por circunscrições existe para organizar melhor o sistema e facilitar o acesso dos cidadãos.
O 10º Registro de Imóveis, por exemplo, atende os bairros da Lapa, Vila Madalena e Pinheiros. Já o 14º Registro de Imóveis abrange os subdistritos da Saúde e Indianópolis. Cada cartório tem uma tabela de custas baseada na UFESP vigente.
Os cartórios paulistas oferecem serviços online para facilitar consultas e alguns procedimentos. Você pode pesquisar a circunscrição do seu imóvel pelo endereço, bairro ou CEP nos sites oficiais. Também é possível solicitar certidões e visualizar imagens da matrícula pela internet em alguns cartórios.
Em regiões como a zona sul, zona leste, zona oeste e zona norte de São Paulo, há cartórios específicos para cada área. Na Grande São Paulo, cidades como Guarulhos, Osasco, Santo André e São Bernardo do Campo também têm seus próprios cartórios de registro.
Orientação Jurídica no Processo de Registro
Um advogado especializado em direito imobiliário pode orientar você em todas as etapas do processo de compra e registro de imóveis. O acompanhamento profissional traz segurança e evita problemas futuros.
Análise completa da documentação: O profissional verifica se a escritura está correta, se o vendedor é realmente o dono e se há cláusulas que possam prejudicar você. Ele também analisa a matrícula do imóvel para identificar qualquer pendência que possa trazer problemas no futuro.
Regularização de pendências: Se o imóvel tiver algum problema, como construções não averbadas, dívidas de IPTU ou documentação desatualizada, o advogado pode orientar sobre os procedimentos de regularização antes da compra. Isso evita que você compre um imóvel com pendências e tenha dor de cabeça depois.
Acompanhamento do registro: O profissional acompanha todo o processo no cartório, verificando se o registro está sendo feito corretamente e dentro do prazo. Se houver exigências do cartório, ele orienta sobre como resolver.
Identificação de riscos: O advogado identifica documentos irregulares, vendedores sem poderes para vender e outras situações que são comuns no mercado imobiliário. Essa análise é especialmente importante em grandes cidades como São Paulo, onde fraudes imobiliárias são frequentes.
Orientação sobre conflitos: Se aparecer algum problema depois da compra, como ações de terceiros ou contestação da venda, o advogado pode representar você judicialmente e orientar sobre as melhores alternativas.
Consultoria sobre custos: O profissional calcula todos os custos envolvidos na compra e no registro, evitando surpresas desagradáveis. Ele também pode esclarecer dúvidas sobre formas de pagamento e documentação necessária.
Próximos Passos Para Proteger Seu Investimento
O registro de imóveis não é burocracia desnecessária. É a única forma de você se tornar proprietário de verdade e proteger seu patrimônio. Sem o registro, você não tem segurança jurídica e pode perder tudo que investiu.
Se você acabou de comprar um imóvel, não deixe para depois. Procure o Cartório de Registro de Imóveis da sua região e protocole os documentos dentro dos 30 dias.
Vai Comprar ou Vender um imóvel? Confira o artigo: Compra e Venda de Imóveis no Brasil: Guia Completo do Processo Legal.
Este artigo possui caráter meramente informativo e não constitui aconselhamento jurídico específico. Cada caso possui particularidades que devem ser analisadas por um advogado.
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FAQ - Perguntas Frequentes Sobre Registro de Imóveis
O registro de imóveis é obrigatório no Brasil?
Sim, o registro é obrigatório para transferir legalmente a propriedade de um imóvel. Sem o registro, você não é considerado o dono pelo Código Civil brasileiro.
Qual a diferença entre escritura e registro de imóvel?
A escritura é o contrato que formaliza a compra e venda, feito no Cartório de Notas. Já o registro é a anotação dessa escritura na matrícula do imóvel, feita no Cartório de Registro de Imóveis. Só o registro transfere a propriedade.
Quanto tempo leva para registrar um imóvel?
O prazo recomendado para protocolar o registro é de até 30 dias após a escritura. O cartório tem de 5 a 10 dias úteis para analisar e efetivar o registro.
Posso vender um imóvel sem registrar em meu nome?
Não, você precisa estar registrado como proprietário na matrícula para poder vender o imóvel legalmente. Sem o registro, você não tem direitos reais sobre o bem.
Como saber se um imóvel tem pendências?
Solicite a certidão de matrícula com ônus e ações no Cartório de Registro de Imóveis. Esse documento mostra todas as pendências, hipotecas, penhoras e ações judiciais relacionadas ao imóvel.