Anulação de Compra em SP e Restituição do ITBI: O Que Você Precisa Saber

Você comprou um imóvel em São Paulo, pagou o ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis), mas depois o contrato foi anulado judicialmente. Uma dúvida comum surge: é possível recuperar o valor do ITBI pago?
A legislação e a jurisprudência brasileira estabelecem regras específicas para essas situações. Entender essas regras é fundamental para saber seus direitos e os procedimentos corretos.
Neste artigo, você vai conhecer:
- As situações que podem gerar direito à restituição do ITBI
- Diferença entre nulidade e anulabilidade de contratos
- Procedimentos para solicitar a restituição
- Documentos necessários e prazos legais
- Quando buscar orientação jurídica especializada
Situações Que Podem Gerar Direito à Restituição do ITBI
O Entendimento Jurisprudencial
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu que a anulação judicial do negócio jurídico de compra e venda pode tornar insubsistente o fato gerador do ITBI. Esse entendimento baseia-se no princípio de que, anulado o contrato, considera-se que a transmissão não ocorreu de forma válida.
Situações Reconhecidas pela Jurisprudência
A restituição do ITBI pode ser possível quando:
- O vendedor era absolutamente incapaz (menor de idade sem representação legal)
- Houve vícios de consentimento (erro, dolo, coação)
- O contrato foi firmado por pessoa sem poderes de representação
- Descoberta de vícios ocultos graves no imóvel
- O negócio foi considerado simulado judicialmente
- Ocorreu anulação de hasta pública após pagamento do imposto
Diferença Entre Nulidade e Anulabilidade
Essa distinção é importante para entender os direitos:
Nulidade Absoluta:
- O contrato é considerado nulo desde sua origem
- Pode ser alegada por qualquer interessado
- Não possui prazo para ser declarada
- A possibilidade de restituição é mais clara
Anulabilidade:
- O contrato produz efeitos até ser anulado
- Somente as partes interessadas podem requerer anulação
- Possui prazo decadencial específico
- A restituição depende da anulação judicial
Funcionamento da Restituição do ITBI em São Paulo
Fato Gerador do ITBI
O fato gerador do ITBI é o registro da escritura no Cartório de Registro de Imóveis. Essa definição é importante porque:
- Desistência antes do registro pode facilitar o pedido de restituição
- Registro já efetivado normalmente requer anulação judicial para restituição
Modalidades de Solicitação
Existem duas formas principais para solicitar a restituição:
1. Via Administrativa (Prefeitura de SP)
Situações possíveis:
- ITBI pago em duplicidade
- ITBI pago indevidamente
- ITBI pago em valor superior ao devido
- Anulação de hasta pública
Documentação necessária:
- Petição fundamentada
- Documentos pessoais do solicitante
- Guia original do ITBI
- Comprovante de pagamento
- Matrícula atualizada do imóvel
- Escritura de compra e venda
- Decisão judicial de anulação (quando aplicável)
2. Via Judicial (Ação de Repetição de Indébito)
Quando pode ser necessária:
- Negativa do pedido administrativo
- Casos com questões jurídicas complexas
- Necessidade de discussão sobre base de cálculo
Procedimento Prático para Solicitação
1. Organização da Documentação
Documentos fundamentais:
- Decisão judicial definitiva anulando o contrato
- Guia original do ITBI
- Comprovante de pagamento
- Matrícula do imóvel
- Documentos pessoais e comprovante de endereço
2. Protocolo do Pedido
Local de protocolo:
- Secretaria Municipal da Fazenda – SP
- Endereço: Viaduto do Chá, 15 – Centro, São Paulo
- Horário: Segunda a sexta, 8h às 17h
- Alternativa: Protocolo online pelo portal da prefeitura
3. Acompanhamento do Processo
- Prazo de análise da prefeitura: até 90 dias
- Aprovação: devolução com correção monetária
- Negativa: possibilidade de recurso ou ação judicial
4. Recebimento da Restituição
- Pagamento via precatório ou RPV (Requisição de Pequeno Valor)
- Valores até R$ 40.000: pagamento via RPV (mais ágil)
- Valores superiores: fila de precatórios
Prazos Legais Importantes
Prescrição para Restituição
O prazo para solicitar restituição do ITBI é de 5 anos, contados:
- Da data do pagamento indevido (para duplicidade)
- Da anulação judicial definitiva (para contratos anulados)
- Do conhecimento do vício que gerou pagamento indevido
Prazos de Resposta
- Pedido administrativo: 90 dias para análise
- Recurso: 30 dias após indeferimento
- Ação judicial: Varia conforme complexidade e vara
Quando Buscar Orientação Jurídica Especializada
Situações Que Indicam Necessidade de Assessoria
Pode ser recomendável buscar orientação jurídica quando:
- A prefeitura negou o pedido administrativo
- O valor do ITBI é significativo
- Há questões complexas sobre base de cálculo
- O caso envolve múltiplas partes ou contratos complexos
- Falta familiaridade com procedimentos administrativos
Papel do Profissional Especializado
Um advogado imobiliário pode:
- Analisar a viabilidade jurídica do pedido
- Auxiliar na reunião da documentação necessária
- Acompanhar procedimentos administrativos
- Avaliar necessidade de ação judicial
- Orientar sobre prazos e direitos
Critérios para Escolha Profissional
Aspectos importantes:
- Experiência em direito tributário e imobiliário
- Conhecimento da jurisprudência sobre ITBI
- Histórico em casos similares
- Transparência sobre procedimentos e custos
- Reputação profissional
Custos dos Procedimentos
Pedido Administrativo
- Custo: Sem custas (apenas documentação)
- Prazo: 90 a 180 dias
- Característica: Procedimento mais simples
Ação Judicial
- Custos: Custas processuais + honorários advocatícios
- Prazo: 1 a 3 anos aproximadamente
- Vantagem: Possibilidade de discussão ampla sobre direitos
Consideração Prática
Para valores menores (até R$ 5.000), o procedimento administrativo pode ser mais adequado. Valores maiores podem justificar o investimento em assessoria jurídica.
Erros Frequentes a Evitar
1. Perda de Documentação
Problema: Extravio da guia original do ITBI ou comprovantes. Prevenção: Organizar arquivo completo da transação imobiliária.
2. Perda de Prazo Prescricional
Problema: Demora excessiva para solicitar restituição. Prevenção: Anotar data da anulação e calcular prazo de 5 anos.
3. Desistência Após Negativa
Problema: Aceitar negativa administrativa sem questionar. Prevenção: Considerar recurso ou orientação jurídica.
4. Falta de Acompanhamento
Problema: Não acompanhar andamento do pedido. Prevenção: Anotar protocolo e verificar periodicamente.
Jurisprudência Sobre o Tema
O entendimento do STJ sobre restituição de ITBI em anulações está consolidado. O precedente principal é o EREsp 1.493.162/DF, julgado pela 1ª Seção.
Fundamentos da Decisão
O STJ estabeleceu que:
- A anulação judicial torna insubsistente o fato gerador
- Não houve transmissão definitiva válida da propriedade
- O contribuinte tem direito à restituição com correção monetária
- A responsabilidade é do município, não da parte que causou anulação
Evolução do Entendimento
Situação anterior: Havia divergência sobre responsabilidade pela restituição.
Situação atual: Prevalece o entendimento favorável ao contribuinte, reconhecendo direito de repetição contra a Fazenda Municipal.
Considerações Finais Sobre Seus Direitos
A anulação de compra em São Paulo pode gerar direito à restituição do ITBI conforme jurisprudência consolidada do STJ. O conhecimento dos procedimentos corretos e prazos legais é fundamental para preservar seus direitos.
Se sua compra foi anulada judicialmente, organize a documentação necessária, verifique os prazos aplicáveis e avalie a melhor forma de proceder. A legislação estabelece mecanismos para proteger o contribuinte em situações de pagamento indevido.
Em casos complexos ou quando há dúvidas sobre procedimentos, a orientação de um advogado imobiliário pode esclarecer aspectos específicos e orientar sobre a melhor estratégia para cada situação particular.
NR Advogados Imobiliários | Apoio jurídico em questões imobiliárias.
FAQ - Perguntas Frequentes Sobre restituição do ITBI
A anulação de compra em SP sempre dá direito à restituição do ITBI?
Sim, se houver decisão judicial definitiva anulando o contrato, você tem direito à restituição. O STJ já consolidou esse entendimento, considerando que a anulação torna insubsistente o fato gerador do imposto.
Qual o prazo para pedir a restituição do ITBI após anulação da compra?
O prazo é de 5 anos contados da data da decisão judicial que anulou o contrato. É importante não perder esse prazo, pois depois disso o direito prescreve.
Posso pedir a restituição diretamente na prefeitura de São Paulo?
Sim, você pode protocolar o pedido administrativo na Secretaria Municipal da Fazenda. É gratuito e mais rápido que a via judicial. Se for negado, ainda pode recorrer ou entrar na justiça.
Preciso de advogado para solicitar a restituição do ITBI?
Para pedido administrativo simples, não é obrigatório. Porém, se o valor for alto, o caso complexo ou houver negativa da prefeitura, um advogado imobiliário pode aumentar significativamente suas chances de sucesso.
A prefeitura paga juros e correção monetária na restituição?
Sim, o valor restituído deve ser atualizado monetariamente desde a data do pagamento indevido. Em alguns casos, também incidem juros de mora, especialmente se houve demora injustificada para devolução.