Como Tirar o Habite-se de um Imóvel Antigo: O Guia Completo

Regularizar um imóvel antigo é um passo fundamental para garantir seu valor de mercado e a segurança jurídica da sua família.
No entanto, o processo para obter o Habite-se, especialmente de uma construção com muitos anos, pode parecer um labirinto de burocracia, documentos e dúvidas técnicas.
Por isso, preparamos este guia completo. Aqui, vamos detalhar as etapas e o caminho recomendado, passo a passo, para você entender como tirar o Habite-se e deixar seu patrimônio 100% regular.
Neste artigo você vai aprender:
O que é o Habite-se e por que ele é tão importante.
Os riscos de manter um imóvel sem essa certidão.
O passo a passo detalhado para a regularização.
Quais documentos você realmente vai precisar.
Uma estimativa de quanto custa todo o processo.
O que é o Habite-se e por que ele é a “Certidão de Nascimento” do seu imóvel?
O Habite-se é um documento oficial emitido pela prefeitura da sua cidade.
Ele funciona como uma certidão que atesta que a construção do seu imóvel (casa ou apartamento) foi concluída e seguiu todas as regras do projeto aprovado e da legislação local.
Pense no Habite-se como a certidão de nascimento do seu imóvel. Sem ele, para a prefeitura e para a lei, é como se a sua casa “não existisse” da forma correta.
Diferença entre Habite-se, Matrícula e Escritura
É muito comum confundir esses três documentos. Vamos esclarecer de forma simples:
Escritura: É o documento feito no cartório de notas que formaliza a negociação de compra e venda. Ela prova que você e o vendedor fizeram um acordo.
Matrícula: É o “RG” do imóvel no Cartório de Registro de Imóveis. Ela contém todo o histórico: quem foram os donos, se há dívidas, e o mais importante: a descrição da construção (a averbação do Habite-se).
Habite-se: É o documento da prefeitura que permite que a construção seja registrada na matrícula. Sem ele, a matrícula mostrará apenas o terreno, mas não a casa.
Os Riscos de um Imóvel Antigo Sem Habite-se
Manter um imóvel sem o Habite-se pode parecer uma economia no curto prazo, mas gera grandes dores de cabeça no futuro.
Problemas na Venda e Financiamento
A maioria dos bancos não aprova financiamento imobiliário para imóveis sem Habite-se.
Isso limita drasticamente o número de potenciais compradores, forçando você a vender apenas para quem pode pagar à vista e, geralmente, por um preço bem mais baixo.
Multas e Impedimentos de Reforma
A prefeitura pode fiscalizar o imóvel a qualquer momento e aplicar multas pesadas pela irregularidade.
Além disso, você não conseguirá aprovar novas reformas ou ampliações de forma legal enquanto a situação da construção original não for resolvida.
Desvalorização do Patrimônio
Um imóvel sem Habite-se vale, em média, de 30% a 40% menos que um imóvel regularizado na mesma região.
A falta do documento gera insegurança jurídica e transfere todos os custos e a burocracia da regularização para o futuro comprador.
Passo a Passo: Como Tirar o Habite-se de um Imóvel Antigo
Regularizar um imóvel que já existe há anos tem um caminho específico. O processo envolve verificar o que foi construído e formalizar isso perante os órgãos públicos.
Passo 1: Contratar um Profissional Habilitado
O primeiro passo é obrigatório: você precisa contratar um engenheiro civil ou um arquiteto.
Somente esses profissionais podem assinar os documentos técnicos necessários e se responsabilizar pelo projeto de regularização perante a prefeitura e o CREA (para engenheiros) ou CAU (para arquitetos).
Passo 2: Levantar a Documentação Existente
Junto com o profissional, reúna todos os documentos que você tiver:
Matrícula do Imóvel no Cartório de Registro.
Carnê do IPTU, onde consta o cadastro municipal.
Plantas antigas, mesmo que desatualizadas.
Comprovantes e notas fiscais de reformas, se houver.
Passo 3: Elaborar o Projeto de Regularização (As Built)
Esta é a etapa mais importante para imóveis antigos. O termo “As Built” significa “como construído”.
O engenheiro ou arquiteto fará um levantamento completo do seu imóvel, medindo cada cômodo, parede, janela e porta.
Com base nessas medidas, ele vai criar uma nova planta que representa exatamente como o imóvel está hoje. É como tirar uma “foto” técnica e atualizada da sua casa para apresentar à prefeitura.
Passo 4: Protocolar o Pedido na Prefeitura
Com o projeto “As Built” e os demais documentos em mãos, o profissional dará entrada no processo na secretaria de obras ou urbanismo do seu município.
A prefeitura irá analisar se a construção, da forma como está, cumpre as regras atuais de zoneamento, recuo, taxa de ocupação, etc.
Passo 5: Obter a CND do INSS da Obra
Para construções, a Receita Federal entende que houve contratação de mão de obra. Por isso, é preciso pagar a contribuição previdenciária (INSS) sobre a obra.
Mesmo em um imóvel antigo, será feito um cálculo com base na área construída e na idade do imóvel para quitar essa obrigação.
Sem a Certidão Negativa de Débitos (CND) do INSS, a prefeitura não libera o Habite-se e o cartório não faz a averbação.
Passo 6: A Emissão do Habite-se pela Prefeitura
Após a análise do projeto e a comprovação de que todas as taxas e impostos (incluindo o INSS) foram pagos, a prefeitura finalmente emite a certidão do Habite-se.
Este documento prova que, para o município, sua casa está regular.
Passo 7: Averbação do Habite-se no Cartório de Registro de Imóveis
Este é o último e crucial passo. Você deve levar o Habite-se e a CND do INSS ao Cartório de Registro de Imóveis onde seu imóvel tem matrícula.
O oficial do cartório fará a averbação, que é o ato de registrar a existência da construção na matrícula do imóvel. A partir deste momento, seu imóvel estará 100% regularizado, constando o terreno e a área construída.
Documentos Necessários para a Regularização
A lista pode variar um pouco entre os municípios, mas a base é:
Projeto de regularização (As Built) assinado por engenheiro ou arquiteto.
ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) ou RRT (Registro de Responsabilidade Técnica) do profissional.
Matrícula atualizada do imóvel.
Documentos pessoais do proprietário (RG e CPF).
Comprovante de pagamento das taxas municipais.
CND do INSS da obra.
Quanto Custa para Tirar o Habite-se de um Imóvel Antigo?
Os custos não são fixos e dependem do tamanho e localização do imóvel. Eles são divididos em quatro categorias principais:
1. Honorários do Profissional
O valor cobrado pelo engenheiro ou arquiteto para fazer o levantamento, o projeto “As Built” e acompanhar o processo na prefeitura.
2. Taxas da Prefeitura
Cada município cobra taxas para analisar o projeto e emitir a certidão do Habite-se.
3. INSS da Obra
Este costuma ser o maior custo. O cálculo é feito pela Receita Federal com base em tabelas padrão (CUB – Custo Unitário Básico da construção civil), aplicando um desconto pela idade do imóvel.
4. Custas do Cartório
Valor pago ao Cartório de Registro de Imóveis para fazer a averbação do Habite-se na matrícula.
De forma geral, o custo total pode variar de 5% a 15% do valor do imóvel, sendo o INSS a maior fatia.
E se o Imóvel foi Construído Há Décadas? A Lei de Anistia pode Ajudar
Muitas cidades, de tempos em tempos, criam a chamada Lei de Anistia.
Essa lei permite regularizar imóveis construídos em desacordo com as regras da época, desde que ofereçam condições mínimas de segurança e habitabilidade.
Ficar de olho nessas leis pode ser uma ótima oportunidade para regularizar seu imóvel antigo com um processo mais simples e custos menores. Um advogado imobiliário pode informar sobre a existência dessas leis em seu município.
Evite Dores de Cabeça: O Próximo Passo para a Regularização
O processo de como tirar o Habite-se de um imóvel antigo pode parecer complexo, mas é um investimento essencial na segurança e valorização do seu patrimônio. Seguir as etapas com o apoio de bons profissionais torna o caminho muito mais tranquilo.
Com o imóvel 100% regular, você ganha paz de espírito, a possibilidade de vender pelo preço justo de mercado, acesso a financiamentos e a segurança de que seu patrimônio está protegido pela lei.
Este artigo possui caráter meramente informativo e não constitui aconselhamento jurídico específico. Cada caso possui particularidades que devem ser analisadas por um advogado.
NR Advogados Imobiliários | Apoio jurídico em questões imobiliárias.
FAQ - Perguntas Frequentes Sobre Como Tirar o Habite-se de um Imóvel Antigo
1. Como tirar o Habite-se de um imóvel antigo?
Para tirar o Habite-se de um imóvel antigo, você precisa contratar um engenheiro ou arquiteto para criar um projeto de regularização (“As Built”), dar entrada no processo na prefeitura, pagar as taxas e o INSS da obra e, por fim, levar o Habite-se para ser averbado no Cartório de Registro de Imóveis.
2. E se eu não tiver a planta original do imóvel?
Não há problema. O engenheiro ou arquiteto contratado fará o levantamento “As Built”, que consiste em medir todo o imóvel e criar uma planta nova e atualizada, que será usada no processo de regularização.
3. Quanto tempo demora para sair o Habite-se?
O prazo varia muito. Em cidades pequenas, pode levar de 3 a 6 meses. Em cidades grandes, a burocracia pode fazer o processo durar mais de um ano. A agilidade do profissional contratado e a organização da documentação fazem toda a diferença.
4. Consigo vender um imóvel sem o Habite-se?
Sim, é possível vender, mas apenas para compradores que paguem à vista. A falta do documento impede o financiamento bancário, o que reduz o valor de mercado do imóvel e limita o número de interessados.
5. Qual a diferença entre "regularizar o imóvel" e "tirar o Habite-se"?
Tirar o Habite-se é a principal etapa do processo de regularização de uma construção. A regularização completa só acontece quando o Habite-se emitido pela prefeitura é levado ao Cartório de Registro de Imóveis e averbado na matrícula.