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Inventário de Imóvel Sem Escritura: Como Funciona o Processo

Inventário de Imóvel Sem Escritura
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Apoio jurídico em questões imobiliárias
Indice

Muitas famílias brasileiras se deparam com uma situação comum: o falecido deixou um imóvel, mas não há escritura registrada.

Essa realidade acontece com frequência, principalmente em propriedades antigas ou adquiridas informalmente.

A legislação brasileira permite incluir esses bens no inventário. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que é possível inventariar direitos sobre imóveis, mesmo sem escritura formal.

Neste artigo você vai entender:

  • Como funciona o inventário de imóvel sem escritura

  • Quais documentos você precisa reunir

  • As alternativas legais disponíveis

  • O passo a passo do processo

  • Cuidados importantes durante o procedimento

É Possível Fazer Inventário de Imóvel Sem Escritura?

Sim, a lei permite fazer inventário de imóvel sem escritura. O Superior Tribunal de Justiça confirmou em 2022 que os direitos sobre imóveis podem ser partilhados no inventário, mesmo quando não há registro formal.

O Código Civil, no artigo 1.206, estabelece que “a posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres”. Isso significa que os direitos sobre o imóvel passam para os herdeiros automaticamente.

Como Funciona a Transmissão dos Direitos

Quando uma pessoa morre, todos os seus bens e direitos são transferidos para os herdeiros. Isso inclui:

  • Propriedades com registro completo (escritura e matrícula)

  • Direitos sobre imóveis (propriedades ocupadas sem registro)

  • Contratos de compra não finalizados

  • Imóveis em processo de regularização

O essencial é provar que o falecido usava o imóvel como se fosse dono, de forma contínua e sem contestação.

Documentos Necessários Para Provar os Direitos

Para incluir um imóvel sem escritura no inventário, você deve reunir papéis que comprovem que o falecido tinha direitos sobre a propriedade:

Documentos Principais

  • Contrato de compra e venda (mesmo sem registro)

  • Recibos de pagamento da compra

  • Comprovantes de IPTU em nome do falecido

  • Contas de luz, água ou telefone do endereço

  • Declaração de Imposto de Renda incluindo o imóvel

Documentos de Apoio

  • Fotos antigas da família no imóvel

  • Declarações de vizinhos confirmando que a pessoa morava lá

  • Comprovantes de reformas feitas no imóvel

  • Certidão de nascimento de filhos nascidos no endereço

  • Qualquer documento que mostre ligação com o imóvel

Como Organizar os Papéis

Primeiro: Separe todos os documentos por data
Segundo: Tire cópias de tudo e autentique
Terceiro: Escreva um relato de como a pessoa usava o imóvel
Quarto: Liste todas as melhorias feitas na propriedade

Caminhos Legais Para Regularizar o Imóvel

Existem três formas principais de regularizar um imóvel sem escritura durante o inventário:

1. Regularização Direta

Esta opção funciona quando você consegue encontrar quem vendeu o imóvel:

  • Encontre os antigos donos ou seus herdeiros

  • Peça para fazerem a escritura em nome do falecido

  • Use o contrato de compra como prova da venda

  • Registre o imóvel no cartório

Tempo aproximado: 60 a 90 dias
Custo estimado: R$ 3.000 a R$ 8.000

2. Processo de Adjudicação Compulsória

Quando não consegue encontrar os vendedores, mas tem contrato válido:

  • Entre com processo judicial apresentando o contrato

  • O juiz chama o antigo proprietário

  • Se não aparecer ou concordar, o juiz autoriza o registro

  • O cartório registra conforme a decisão judicial

Tempo aproximado: 6 a 12 meses
Custo estimado: R$ 5.000 a R$ 15.000

3. Usucapião

Para imóveis ocupados há mais de 5 anos sem contestação:

Usucapião no Cartório:

  • Mais rápido (3 a 6 meses)

  • Feito direto no cartório

  • Menos papelada

  • Custo menor

Usucapião na Justiça:

  • Mais demorado (2 a 5 anos)

  • Usado quando há contestação

  • Mais seguro em casos difíceis

  • Custo maior

Como Funciona o Processo Passo a Passo

Etapa 1: Análise da Situação

  • Examine todos os documentos disponíveis

  • Identifique qual caminho seguir

  • Calcule custos e tempo necessário

  • Escolha a melhor estratégia

Etapa 2: Comprovação dos Direitos

  • Reúna todos os documentos listados

  • Prepare declarações de testemunhas

  • Organize tudo em ordem de data

  • Calcule há quanto tempo a pessoa ocupava o imóvel

Etapa 3: Abertura do Inventário

  • Inventário na Justiça: Quando há desacordo entre herdeiros

  • Inventário no Cartório: Quando todos concordam

Etapa 4: Inclusão do Imóvel

  • Apresente todos os documentos

  • Solicite a inclusão dos direitos sobre o imóvel

  • Aguarde análise e aprovação

  • Continue com a partilha normal

Etapa 5: Regularização

  • Execute a estratégia escolhida

  • Registre o imóvel em nome dos herdeiros

  • Pague todos os impostos devidos

  • Obtenha o registro definitivo

Cuidados Importantes Durante o Processo

Impostos e Custos

ITCMD (Imposto sobre herança):

  • Varia por estado (2% a 8% do valor do imóvel)

  • Deve ser pago mesmo sem escritura

  • Calculado sobre o valor atual do imóvel

Outros Custos:

  • Custas judiciais (se for na Justiça)

  • Honorários de advogado

  • Taxas de cartório

  • IPTU atrasado (se houver)

Como Evitar Problemas

Contestação por outras pessoas:

  • Mantenha documentação organizada

  • Tenha testemunhas à disposição

  • Guarde todas as provas de ocupação

Problemas entre herdeiros:

  • Busque sempre acordo entre todos

  • Seja transparente sobre tudo

  • Considere mediação se houver conflito

Questões de impostos:

  • Quite pendências antes do inventário

  • Calcule todos os gastos antecipadamente

  • Mantenha dinheiro para imprevistos

Diferenças Entre Inventário na Justiça e no Cartório

Inventário no Cartório

Vantagens:

  • Processo mais rápido (3 a 6 meses)

  • Menor custo total

  • Menos burocracia

  • Mais privacidade

Quando é possível:

  • Todos os herdeiros maiores de idade

  • Acordo total entre as partes

  • Não há testamento ou testamento válido

  • Não há dívidas do falecido

Inventário na Justiça

Quando é obrigatório:

  • Herdeiros menores de idade

  • Desacordo entre herdeiros

  • Testamento contestado

  • Dívidas do falecido

Características:

  • Mais demorado (1 a 3 anos)

  • Maior segurança jurídica

  • Acompanhamento do juiz

  • Custo maior

Como Escolher um Advogado

O Que Procurar

Experiência na área:

  • Conhecimento em inventários

  • Experiência com regularização de imóveis

  • Histórico de casos parecidos

Competências técnicas:

  • Conhecimento da lei atual

  • Bom relacionamento com cartórios

  • Experiência em processos de usucapião

Atendimento adequado:

  • Transparência nos custos

  • Comunicação clara

  • Prazos realistas

Perguntas Para Fazer

  1. Quantos casos como o meu você já resolveu?

  2. Qual estratégia você recomenda?

  3. Quais são todos os custos?

  4. Quanto tempo vai demorar?

  5. Como vou acompanhar o processo?

O Que Fazer a Partir de Agora

O inventário de imóvel sem escritura é um processo que tem respaldo legal e jurisprudência consolidada. Com orientação adequada e documentação organizada, é possível resolver a situação de forma adequada.

É importante agir sem demora, pois com o tempo pode ficar mais difícil encontrar documentos e testemunhas. Além disso, quanto antes você regularizar, mais cedo terá segurança jurídica total sobre o imóvel.

A regularização adequada permite que sua família tenha todos os direitos sobre o imóvel, podendo vendê-lo, financiá-lo ou transferi-lo sem qualquer impedimento.

Este artigo possui caráter meramente informativo e não constitui aconselhamento jurídico específico. Cada caso possui particularidades que devem ser analisadas por um advogado.


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FAQ - Perguntas Frequentes Sobre Inventário de Imóvel Sem Escritura

Sim, é possível. O Superior Tribunal de Justiça confirmou que direitos sobre imóveis podem ser inventariados, mesmo sem escritura formal. O importante é comprovar que o falecido tinha direitos sobre o imóvel.

Os principais são: contrato de compra e venda, recibos de pagamento, comprovantes de IPTU, contas de consumo no endereço, fotos antigas e declarações de pessoas que conheciam a situação do falecido com o imóvel.

O prazo varia conforme a estratégia: inventário no cartório com regularização simples (3-6 meses), com usucapião no cartório (6-12 meses), ou na Justiça com processos mais complexos (1-3 anos).

Não diretamente. Primeiro é necessário fazer o inventário e regularizar o imóvel, obtendo a escritura e matrícula. Só então será possível vender, financiar ou transferir a propriedade.

Os custos variam entre R$ 5.000 e R$ 20.000, dependendo da estratégia (regularização direta, adjudicação compulsória ou usucapião) e do valor do imóvel. Inclui taxas, impostos e honorários advocatícios.

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