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Compra e Venda de Imóvel na Planta: Seu Guia Completo Para Uma Negociação Segura e Sem Surpresas

Compra e Venda de Imóvel na Planta Seu Guia Completo Para Uma Negociação Segura e Sem Surpresas
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Comprar ou vender um imóvel na planta pode ser o caminho para realizar um sonho ou um excelente investimento, mas navegar por contratos complexos, custos variáveis e prazos incertos exige conhecimento e cautela para evitar armadilhas. Este guia é o seu mapa definitivo para transformar a insegurança em confiança, auxiliando você a tomar as melhores decisões em cada etapa dessa jornada imobiliária.

Neste guia completo, vamos desvendar juntos:

  • O universo do “imóvel na planta”: o que é, por que atrai (e os cuidados iniciais).

  • Seu passo a passo detalhado para comprar com segurança: da escolha do imóvel à entrega das chaves.

  • As estratégias e o processo para vender seu imóvel na planta (a famosa “cessão de direitos” ou venda do ágio).

  • Custos que vão além do preço: Desmistificando o INCC, taxas e outras despesas.

  • Os principais riscos (atrasos, qualidade, falência) e como o suporte jurídico é sua maior proteção.

  • A documentação que blinda seu negócio: o checklist essencial.

 

O Que Significa “Na Planta”? Desvendando o Conceito e o Fascínio

Definindo “Imóvel na Planta”: Mais Que Tijolos, Uma Promessa de Futuro

Vamos começar pelo básico. Quando falamos em “imóvel na planta”, estamos nos referindo à compra de um bem (apartamento, casa, sala comercial) que ainda não está construído ou que está em fase inicial de construção. Você adquire, na verdade, uma fração ideal do terreno e o direito futuro sobre a unidade que será edificada, conforme um projeto e um memorial descritivo detalhados.

Pense nisso como encomendar um carro que ainda será montado na fábrica, ou talvez, de forma mais próxima, como contratar um arquiteto para construir a casa dos seus sonhos a partir do zero. Você visualiza o resultado final através de plantas, maquetes, perspectivas digitais (renders) e confia que a construtora ou incorporadora entregará o prometido. É um voto de confiança baseado em um contrato e na reputação da empresa. Outros termos comuns que você ouvirá são lançamento imobiliário ou imóvel em construção.

Por Que Tanta Gente Escolhe o Imóvel na Planta? As Vantagens Que Brilham os Olhos

Não é à toa que tantas pessoas se sentem atraídas por essa modalidade. Existem benefícios bastante convidativos:

  1. Preço Potencialmente Menor: Geralmente, comprar na planta sai mais em conta do que adquirir um imóvel pronto e novo de padrão similar. As construtoras oferecem condições melhores no lançamento para capitalizar o projeto. Isso representa um potencial de economia interessante.

  2. Condições de Pagamento Facilitadas: O fluxo de pagamento costuma ser mais alongado e flexível durante o período de obras. A entrada pode ser parcelada, e as parcelas mensais, semestrais ou anuais se diluem ao longo do tempo, tornando o desembolso inicial mais suave para o seu fluxo de caixa.

  3. Potencial de Valorização: Existe uma expectativa de que o imóvel se valorize entre o momento da compra (na planta) e a entrega das chaves. Se a região se desenvolver e o mercado estiver aquecido, você pode ter um ganho de capital significativo. É uma aposta no futuro, um investimento imobiliário que pode trazer bons retornos. (Lembre-se, contudo, que valorização passada ou de outros locais não é uma promessa de resultado futuro para o seu imóvel específico).

  4. Possibilidade de Personalização: Muitas construtoras permitem que você escolha ou altere alguns acabamentos (pisos, revestimentos, bancadas) durante a obra, dentro de certas opções. Isso permite deixar o imóvel mais próximo do seu gosto pessoal sem precisar de uma grande reforma logo após a entrega. É a chance de ter o sonho do seu jeito.

  5. Imóvel Novo: Receber um imóvel zerado, com instalações modernas e sem necessidade de reparos imediatos, traz uma sensação de conquista e tranquilidade.

Dica Interessante: Você sabia que, em alguns mercados aquecidos, a valorização do imóvel na planta entre o lançamento e a entrega das chaves pode, em certos casos, superar alguns investimentos tradicionais? Mas atenção, isso não é uma regra absoluta e depende de inúmeros fatores como localização, qualidade do projeto, reputação da construtora e o momento econômico. Análise e cautela são fundamentais.

O Outro Lado da Moeda: Conhecendo as Desvantagens e Riscos Iniciais (Pés no Chão!)

É fundamental ter uma visão realista. Comprar na planta também envolve desafios e riscos que você precisa conhecer desde o início:

  • Tempo de Espera: Você não se muda imediatamente. Obras podem levar de 2 a 4 anos, ou até mais. É preciso paciência e planejamento.

  • Risco de Atraso na Entrega: Infelizmente, atrasos acontecem. Veremos mais adiante como lidar com isso, mas é um risco real que pode impactar seus planos.

  • Possibilidade de Alterações: O projeto pode sofrer pequenas alterações. O entorno do imóvel também pode mudar durante a construção.

  • Incerteza Sobre a Qualidade Final: Por mais detalhado que seja o memorial descritivo, a qualidade real dos acabamentos e da construção só será conhecida na entrega.

  • Correção Monetária (INCC): As parcelas pagas durante a obra são corrigidas mensalmente pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). Isso significa que o valor final pago será maior do que o inicialmente contratado. É crucial entender e se preparar para isso.

Conhecer esses pontos não é para desanimar, mas sim para preparar você. A informação é a sua primeira linha de defesa.

 

A Jornada da Compra Segura: Seu Passo a Passo Detalhado

Decidiu que comprar na planta é para você? Ótimo! Agora, vamos trilhar juntos o caminho para fazer isso com a maior segurança possível.

Missão 1: A Pesquisa e Escolha Inteligente (Onde Tudo Começa)

Esta é a base de tudo. Uma escolha apressada pode trazer dores de cabeça futuras.

  • Pesquise a Construtora e Incorporadora: Não se deixe levar apenas pela publicidade. Investigue a fundo a reputação das empresas envolvidas. Procure por:

    • Histórico de entregas (cumpriram prazos em outros projetos?).

    • Qualidade dos empreendimentos já entregues (visite, se possível).

    • Opiniões de outros clientes (sites como Reclame Aqui, fóruns, redes sociais).

    • Saúde financeira da empresa (consultar certidões pode ajudar).

  • Analise a Localização: Visite a região em diferentes dias e horários. Considere a infraestrutura atual e futura (transporte, comércio, serviços, segurança). Verifique o potencial de desenvolvimento.

  • Estude o Projeto: Analise a planta baixa com atenção (tamanho dos cômodos, circulação, iluminação natural). Leia CUIDADOSAMENTE o memorial descritivo – ele detalha todos os materiais e acabamentos que serão usados. Avalie as áreas comuns oferecidas.

Dica: “Não confie apenas na maquete bonita ou no apartamento decorado! Peça para ver outros empreendimentos já entregues pela mesma construtora. Converse com moradores, se possível. A qualidade do passado pode dizer muito sobre o futuro do seu investimento.”

Missão 2: Decifrando o Contrato de Promessa de Compra e Venda (CCPV)

Este é, talvez, o momento mais crítico. O CCPV é o documento que regerá toda a relação entre você e a construtora até a entrega do imóvel e a escritura definitiva. Ignorar ou não entender suas cláusulas é um risco enorme.

  • Leia TUDO: Parece óbvio, mas muitas pessoas não o fazem. Peça uma cópia prévia, leia com calma, anote suas dúvidas.

  • Pontos de Atenção Máxima:

    • Qualificação das Partes: Verifique se todos os dados (seus e da construtora/incorporadora) estão corretos.

    • Descrição do Imóvel: Confirme se a unidade, vaga de garagem (se houver), e áreas estão descritas exatamente como você escolheu.

    • Preço e Condições de Pagamento: Cheque o valor total, o fluxo de pagamento detalhado (entrada, parcelas mensais/semestrais/anuais, balões, parcela das chaves), e as datas de vencimento.

    • Correção Monetária: Verifique qual índice será usado (INCC durante a obra é o padrão) e como será aplicado. Entenda qual índice será usado após a conclusão da obra (geralmente IGP-M ou IPCA).

    • Prazo de Entrega: A data precisa para a conclusão da obra e entrega das chaves deve estar clara.

    • Prazo de Tolerância: A maioria dos contratos prevê uma tolerância (geralmente 180 dias) para atraso na entrega, sem ônus para a construtora. Verifique se está explícito e se concorda com ele.

    • Multas por Atraso: O contrato deve prever multa para a construtora em caso de atraso além do prazo de tolerância. Verifique também as multas para você em caso de atraso no pagamento das parcelas. A Lei do Distrato trouxe mais equilíbrio nesse ponto.

    • Cláusulas de Distrato: Entenda as condições e penalidades caso você precise desistir do negócio no meio do caminho.

    • Quadro-Resumo: A Lei 13.786/2018 (Lei do Distrato) tornou obrigatório um quadro-resumo no início do contrato, com as informações essenciais (preço, prazo, tolerância, multas, índice de correção, direito de arrependimento, informações sobre ônus no imóvel, dados da incorporadora). Verifique se ele está completo e claro.

Importante: A análise detalhada deste documento por um advogado especialista em Direito Imobiliário é altamente recomendável ANTES da assinatura. Ele pode identificar cláusulas abusivas ou omissões que podem prejudicar você no futuro. “Imagine o contrato como o manual de instruções do seu maior investimento. Ignorá-lo pode custar caro!”

Missão 3: Entendendo os Custos: O INCC e Outras Taxas

O preço anunciado é apenas o começo. Prepare-se para outros custos:

  • INCC (Índice Nacional de Custo da Construção): Este índice reflete a variação dos custos de materiais, mão de obra e equipamentos da construção civil. Ele é aplicado mensalmente sobre o saldo devedor e também sobre as parcelas futuras. O objetivo é recompor o valor do dinheiro no tempo para a construtora.

    • Como funciona (simplificado): Se seu saldo devedor é R$ 300.000 e o INCC do mês foi 0,5%, seu saldo será corrigido para R$ 301.500 antes de você pagar a parcela do mês seguinte. As parcelas futuras também são recalculadas.

    • Alerta: “O INCC pode parecer pequeno mês a mês, mas acumulado ao longo de 2, 3 ou 4 anos de obra, pode representar um aumento significativo no valor total que você pagará. Inclua essa correção nas suas projeções financeiras!”

  • Taxa de Evolução de Obra (ou Juros de Obra): Se você contratar financiamento bancário ainda na fase de construção (modalidade “crédito associativo”), o banco libera o dinheiro para a construtora em etapas, conforme a obra avança. Durante esse período, você paga ao banco apenas os juros e a correção monetária sobre o valor já liberado, não amortizando a dívida principal. Essa é a “taxa de evolução de obra”. Ela só acaba quando a obra é concluída e você começa a pagar as parcelas normais do financiamento (amortização + juros).

  • Custos Pós-Entrega: Após receber as chaves, ainda haverá:

    • ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis): Imposto municipal pago para transferir a propriedade para o seu nome. A alíquota varia por cidade (em São Paulo, por exemplo, é 3%).

    • Custos de Cartório: Taxas para registrar a escritura pública no Cartório de Registro de Imóveis.

    • Taxa de Ligação de Serviços: Algumas construtoras cobram taxas para ligar água, luz e gás definitivos. Verifique se isso está no contrato.

    • Taxa de Condomínio: Assim que o condomínio é instalado (mesmo que você não tenha se mudado ainda), a taxa mensal começa a ser cobrada.

    • IPTU: Imposto municipal anual sobre a propriedade.

Planejamento financeiro é chave! Considere todos esses custos ao avaliar se o negócio cabe no seu bolso.

Missão 4: Acompanhando a Obra e a Hora da Vistoria

Durante a construção, mantenha-se informado.

  • Acompanhamento: Visite o local periodicamente (se permitido e seguro). Peça atualizações à construtora sobre o cronograma da obra. Muitas empresas oferecem portais online para clientes acompanharem o andamento.

  • A Vistoria: Este é o momento de verificar se o imóvel foi entregue conforme o memorial descritivo e a planta baixa. É um direito seu.

    • O que checar: Acabamentos (pisos, paredes, pintura, rejuntes), instalações elétricas (tomadas, interruptores) e hidráulicas (torneiras, vasos, ralos), portas, janelas, medidas dos cômodos, nivelamento do piso, possíveis infiltrações ou rachaduras.

    • Como fazer: Leve o memorial descritivo, a planta, trena, carregador de celular (para testar tomadas), balde (para testar ralos). Vá durante o dia, com boa iluminação. Fotografe e anote TUDO que encontrar de errado ou diferente do contratado.

    • Dica: “Faça a vistoria com calma, sem pressa. Não se sinta pressionado a assinar o termo de recebimento se encontrar problemas relevantes. Liste todas as não conformidades no termo de vistoria e peça um prazo para a construtora corrigir antes de você aceitar o imóvel.”

Missão 5: Reta Final – Habite-se, Financiamento e Chaves na Mão!

A obra acabou! Mas ainda faltam alguns passos importantes.

  • Habite-se: É o documento emitido pela prefeitura que atesta que o imóvel foi construído de acordo com as normas legais e está pronto para ser habitado. Sem ele, o condomínio não pode ser oficialmente instalado e você não consegue o financiamento final.

  • Financiamento Bancário (Pós-Obra): Se você não financiou durante a obra ou se ainda tem um saldo devedor significativo a quitar na entrega das chaves (a “parcela das chaves”), este é o momento de buscar o financiamento imobiliário junto aos bancos. O Habite-se averbado na matrícula do imóvel é essencial para isso.

  • Entrega das Chaves: Com tudo certo (vistoria aprovada, Habite-se emitido, pagamento final ou financiamento contratado), chega o momento mais esperado: receber as chaves! É a celebração da sua conquista.

  • Escritura e Registro: Após a quitação total do imóvel (seja com recursos próprios ou via financiamento), você precisará providenciar a Escritura Pública Definitiva de Compra e Venda e, em seguida, levá-la ao Cartório de Registro de Imóveis competente para registrar a propriedade em seu nome. Só o registro transfere oficialmente a propriedade. Não se esqueça de pagar o ITBI e os custos de cartório.

 

Decidiu Vender Antes da Entrega? Guia da Cessão de Direitos (Venda do Ágio)

A vida muda, os planos se alteram. Pode ser que você decida vender seu imóvel na planta antes mesmo de receber as chaves. Isso é possível através da cessão de direitos.

Entendendo a Cessão de Direitos: Como Passar o Contrato Adiante

A cessão de direitos e obrigações é, basicamente, a transferência do seu contrato (CCPV) para outra pessoa (o cessionário). Você (o cedente) sai do negócio e o novo comprador assume sua posição, recebendo todos os direitos sobre o imóvel e todas as obrigações de pagamento restantes perante a construtora. A diferença entre o valor que você já pagou (corrigido) e o valor pelo qual você está vendendo seus direitos é o chamado ágio – seu potencial lucro na operação.

Por Que Vender na Planta? Lucro, Mudança de Planos e Outros Motivos

As razões para vender antes da entrega são variadas:

  • Lucro: O imóvel se valorizou e você quer realizar o ganho.

  • Mudança de Planos: Mudou de cidade, de emprego, a família aumentou (ou diminuiu), ou simplesmente seus objetivos mudaram.

  • Necessidade Financeira: Precisa do dinheiro investido para outra finalidade.

  • Dificuldade em Pagar: Percebeu que não conseguirá arcar com as parcelas restantes ou com o financiamento final.

O Processo na Prática: Do Anúncio à Assinatura

Vender na planta exige alguns passos específicos:

  1. Verificar o Contrato Original: Veja se há alguma cláusula que proíba ou restrinja a cessão de direitos.

  2. Consultar a Construtora: É fundamental obter a anuência (concordância formal) da construtora para a cessão. Ela não é obrigada a aceitar, e geralmente cobra uma taxa administrativa por isso (verifique o valor no contrato ou pergunte diretamente). Sem a anuência dela, a cessão não tem validade perante a empresa.

  3. Encontrar um Comprador: Anuncie o imóvel (ou os direitos sobre ele).

  4. Negociar: Defina o valor do ágio e como ele será pago a você pelo comprador. O comprador também precisará comprovar capacidade de pagamento das parcelas futuras junto à construtora.

  5. Elaborar o Contrato de Cessão: Este é um novo contrato, entre você (cedente) e o novo comprador (cessionário), com a construtora como interveniente-anuente. Ele deve detalhar a transação, os valores, as obrigações assumidas pelo cessionário e a quitação dada a você. A assessoria de um advogado aqui é crucial.

  6. Assinaturas e Registros: Todos assinam o termo de cessão. A construtora atualiza seus registros.

Cuidados Essenciais na Venda: Proteja Sua Transação

  • Transparência Total: Seja claro com o comprador sobre todos os detalhes do contrato original, pagamentos já feitos, saldo devedor e prazos.

  • Taxa de Anuência: Informe-se sobre a taxa da construtora e negocie quem irá pagá-la (você ou o comprador).

  • Documentação: Tenha todos os comprovantes de pagamento e o contrato original em mãos.

  • Assessoria Jurídica: Um contrato de cessão bem redigido protege você de problemas futuros, confirmando que todas as obrigações foram transferidas para o novo comprador.

 

Fique Alerta! Os Principais Riscos e Como a Lei (e Seu Advogado) Te Protegem

Investir em imóvel na planta tem seus riscos. Conhecê-los é o primeiro passo para mitigá-los.

Risco #1: Atraso na Entrega – O Campeão de Reclamações

É o problema mais comum. O que fazer?

  • Verifique o Prazo de Tolerância: O contrato geralmente prevê 180 dias de tolerância. Antes disso, legalmente, não há atraso.

  • Após a Tolerância: Se o atraso persistir, você tem direitos:

    • Exigir Multa Contratual: O contrato (especialmente após a Lei do Distrato) deve prever multa da construtora para você em caso de atraso.

    • Indenização: Dependendo do caso e dos prejuízos comprovados (ex: aluguel que você teve que continuar pagando, lucros cessantes se era para investir), pode ser possível buscar indenização na Justiça.

    • Distrato por Culpa da Construtora: Você pode pedir a rescisão do contrato com a devolução integral e imediata de todos os valores pagos, corrigidos monetariamente, além da multa prevista.

  • Lei do Distrato (Lei 13.786/2018): Ela trouxe regras mais claras para multas e devoluções em caso de atraso ou desistência, buscando equilibrar a relação.

Fato Curioso: “Sabia que a Justiça tem entendido, em muitos casos, que o prazo de tolerância de 180 dias só é válido se estiver claramente justificado e previsto em contrato? Cláusulas genéricas podem ser questionadas. Fique atento!”

Risco #2: Qualidade Diferente do Prometido (Vícios Construtivos)

Você recebe as chaves e percebe que o piso é diferente, há infiltrações ou rachaduras.

  • Memorial Descritivo é Rei: Ele é sua principal prova do que foi prometido. Compare-o com o que foi entregue.

  • Vícios Aparentes vs. Ocultos:

    • Aparentes: São os defeitos fáceis de identificar na vistoria (ex: vidro quebrado, parede mal pintada). Você tem 90 dias após a entrega das chaves para reclamar.

    • Ocultos: São problemas que só aparecem com o uso (ex: infiltração interna, problema estrutural). O prazo de 90 dias para reclamar começa a contar a partir do momento em que o defeito é descoberto, respeitando o prazo de vida útil esperado para cada item (a chamada “solidez e segurança” da obra tem um prazo maior, geralmente associado a 5 anos, mas vícios podem ser reclamados mesmo depois se decorrentes da construção).

  • Como Proceder: Notifique a construtora formalmente (por escrito, com comprovante de recebimento), detalhando os problemas e exigindo o reparo. Se não resolverem, pode ser necessário buscar a Justiça, muitas vezes com base em laudos técnicos.

Risco #3: Falência da Construtora/Incorporadora – O Cenário Mais Temido

Embora menos comum, é o risco mais grave. E se a empresa quebrar no meio da obra?

  • Patrimônio de Afetação: Esta é uma proteção importante. Quando a incorporação é registrada sob esse regime, o terreno e tudo que é pago pelos compradores daquele empreendimento específico ficam separados do patrimônio geral da construtora. Em caso de falência, esse patrimônio “afetado” tende a ser destinado à conclusão da obra (seja pelos próprios compradores assumindo, ou por outra empresa), ou à devolução dos valores aos adquirentes, com preferência sobre outros credores da empresa.

  • Dica Vital: “Verifique SEMPRE, antes de comprar, se a incorporação do empreendimento está registrada no Cartório de Registro de Imóveis sob o regime de Patrimônio de Afetação. Peça a certidão da matrícula do imóvel! Isso oferece uma camada adicional de segurança para o seu dinheiro.”

  • O Que Fazer: Se a falência ocorrer, os próximos passos dependerão da existência do Patrimônio de Afetação, do estágio da obra e das decisões tomadas pelos compradores em assembleia e pelo administrador judicial da massa falida. É um cenário complexo que exige assessoria jurídica especializada imediatamente.

Risco #4: Custos Surpresa e Problemas Financeiros

  • Impacto do INCC: Já falamos, mas vale repetir: subestimar a correção pode levar a dificuldades financeiras.

  • Taxas Extras: Verifique se o contrato não prevê taxas “surpresa” para decoração de áreas comuns, ligação de serviços, etc.

  • Dificuldade no Financiamento Final: Sua situação financeira pode mudar durante a obra. Uma perda de emprego ou aumento do endividamento pode dificultar a aprovação do financiamento bancário na entrega das chaves. Tenha um plano B ou uma boa reserva.

Sua Rede de Segurança: O Papel Indispensável do Advogado Imobiliário

Diante de tantos detalhes e riscos, fica claro por que a assessoria jurídica especializada é tão valiosa. Um advogado imobiliário atua de forma preventiva:

  • Analisa o Contrato: Identifica cláusulas de risco antes que você assine.

  • Verifica a Documentação: Confere a regularidade da construtora e do empreendimento.

  • Orienta sobre Riscos e Direitos: Explica o que cada cláusula significa na prática.

  • Assessora na Negociação: Ajuda a buscar condições mais equilibradas.

  • Auxilia no Distrato: Orienta sobre os procedimentos e penalidades se você precisar desistir.

  • Dá Suporte na Vistoria e Entrega: Ajuda a formalizar reclamações.

  • Atua em Caso de Problemas: Defende seus direitos se houver atraso, vícios ou outros descumprimentos.

“Ter um advogado especialista ao seu lado não deve ser visto como um custo, mas como um investimento na sua tranquilidade e na proteção do seu patrimônio.”

 

Checklist da Documentação: Os Papéis Que Blindam Sua Negociação

Informação é poder, e no mundo imobiliário, informação se traduz em documentos. Exija e analise (ou peça para seu advogado analisar):

Documentos Essenciais ANTES de Assinar o Contrato

  • Do Empreendimento (peça cópias atualizadas no Cartório de Registro de Imóveis):

    • Certidão de Matrícula do Terreno (para confirmar a propriedade e se há ônus).

    • Registro da Incorporação Imobiliária (fundamental! Confirma que o projeto foi aprovado e pode ser vendido na planta).

    • Verificação do regime de Patrimônio de Afetação (consta na matrícula).

    • Alvará de Construção (emitido pela prefeitura).

    • Memorial Descritivo completo e detalhado (registrado em cartório).

    • Plantas aprovadas pela prefeitura.

    • Quadros da NBR 12.721 (detalham áreas e custos).

  • Da Construtora/Incorporadora:

    • Cópia do CNPJ e Contrato Social.

    • Certidões Negativas de Débitos (Receita Federal, INSS, FGTS, Dívida Ativa da União, Estadual, Municipal).

    • Certidões Negativas dos Cartórios de Protesto.

    • Certidões Negativas da Justiça Federal, Estadual e Trabalhista.

Dica: “Peça cópias de tudo e confira a validade das certidões. Não aceite apenas a palavra do vendedor ou do corretor. A diligência na análise documental é uma etapa crucial para uma compra segura.”

Seus Documentos (Comprador)

Tenha em mãos (cópias e originais): RG, CPF, Comprovante de Residência atualizado, Comprovante de Estado Civil (certidão de nascimento ou casamento), Comprovante de Renda (holerites, extratos bancários, declaração de IR – serão essenciais para o financiamento).

Documentos na Cessão de Direitos (Venda)

Se você for vender (ceder seus direitos), precisará de:

  • Seu Contrato original (CCPV).

  • Todos os comprovantes de pagamento das parcelas já efetuadas.

  • O Termo de Cessão de Direitos (a ser elaborado).

  • A Anuência formal da Construtora.

  • Documentos do novo comprador (cessionário), que provavelmente serão exigidos pela construtora.

Descubra como comprar e vender imóvel na planta com segurança passo a passo legal, custos, riscos, documentos e dicas essenciais

Conclusão: Navegando Com Confiança Rumo ao Seu Imóvel na Planta

Percorremos uma longa jornada, não é mesmo? Desde entender o que é um imóvel na planta, passando pelos detalhes da compra, os desafios da venda antecipada (cessão), os riscos envolvidos e a importância vital da documentação e do planejamento financeiro.

Este conteúdo tem caráter meramente informativo e educacional, não configurando aconselhamento jurídico específico nem promessa de resultados. A consulta a um advogado especialista em Direito Imobiliário é indispensável para a análise individualizada do seu caso e para a orientação adequada à sua situação específica, visando proteger seus direitos e interesses na transação.


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FAQ - Perguntas Frequentes Sobre Guia Completo de Compra e Venda de Imóvel na Planta

Comprar na planta oferece vantagens, mas também envolve riscos importantes que você deve conhecer. Os mais comuns incluem: o atraso na entrega da obra além do prazo de tolerância previsto em contrato; a qualidade dos acabamentos ou características do imóvel serem diferentes do que foi prometido no memorial descritivo; custos adicionais não previstos ou o impacto significativo da correção monetária pelo INCC no saldo devedor; e, embora menos frequente, o risco de dificuldades financeiras ou até falência da construtora/incorporadora. Mitigar esses riscos envolve pesquisa profunda sobre a empresa, análise cuidadosa do contrato e verificação de proteções como o Patrimônio de Afetação.

É crucial planejar além do valor da unidade. Durante a obra, o principal custo adicional é a correção monetária das parcelas e do saldo devedor pelo INCC. Se optar por financiamento bancário ainda na construção (crédito associativo), haverá a taxa de evolução de obra (juros pagos ao banco). Após a entrega das chaves, prepare-se para o ITBI (imposto municipal sobre a transmissão), os custos de cartório para registro da escritura, possíveis taxas para ligação definitiva de serviços (água, luz, gás), e as despesas recorrentes como a taxa de condomínio e o IPTU.

Sim, é totalmente possível e relativamente comum. Esse processo é chamado de cessão de direitos e obrigações. Basicamente, você transfere seu contrato (a promessa de compra e venda) para um novo comprador (o cessionário). Para isso, você precisa encontrar um interessado, negociar o valor da cessão (que inclui o que você já pagou corrigido, mais um eventual lucro chamado ágio), e, ponto fundamental, obter a anuência formal da construtora, que geralmente cobra uma taxa por essa transferência. Todo o processo deve ser formalizado através de um “Termo de Cessão de Direitos”, idealmente com assessoria jurídica.

O Contrato de Promessa de Compra e Venda (CCPV) é um documento complexo e extenso, que definirá seus direitos e deveres por anos. Um advogado especialista em Direito Imobiliário atua de forma preventiva, analisando minuciosamente cada cláusula ANTES de você assinar. Ele pode identificar termos abusivos, omissões perigosas, verificar a regularidade da documentação do empreendimento e da construtora, explicar claramente os riscos envolvidos (como multas, prazos, correções) e auxiliar na busca por um acordo mais equilibrado. Essa análise protege seu investimento e sua tranquilidade, evitando surpresas desagradáveis no futuro.

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