7 cuidados legais para uma compra e venda de imóvel sem dor de cabeça

Comprar ou vender um imóvel pode ser um marco importante na vida de qualquer pessoa. Mas também pode se transformar em um problema jurídico complexo, daqueles que tiram o sono e drenam recursos por anos.
A questão é simples: você está prestes a movimentar um valor alto, assinar um contrato que vai impactar diretamente seu patrimônio e sua segurança. O erro, muitas vezes, é tratar essa decisão com base apenas em confiança, sem os devidos cuidados legais.
Este artigo foi construído para ajudar você a tomar decisões mais informadas, protegendo seus interesses com uma visão jurídica clara e acessível.
Aqui você vai entender:
Por que a matrícula do imóvel é tão importante
Quais certidões precisam ser solicitadas
Como identificar riscos contratuais escondidos
O que observar nos aspectos fiscais e tributários
Como evitar surpresas com processos judiciais
Quem tem autoridade legal para assinar
Quando e por que procurar apoio jurídico especializado
Vamos ao ponto.
1. Verifique a matrícula atualizada do imóvel
A matrícula é o documento mais importante de um imóvel. Ela funciona como uma “identidade” jurídica, onde estão registradas todas as informações relevantes: proprietário atual, histórico de transferências, hipotecas, penhoras, usufruto, alienações.
Por que isso importa? Porque se não está na matrícula, não existe no mundo jurídico. Um imóvel pode parecer regular na superfície, mas estar envolvido em um litígio, herança ou até mesmo alienado sem que o comprador perceba.
Dado relevante: Segundo o Instituto de Registro Imobiliário do Brasil (IRIB), cerca de 30% dos imóveis em negócio possuem alguma irregularidade documental.
Solicite a matrícula atualizada diretamente no cartório de registro de imóveis. Esse é o primeiro filtro contra dores de cabeça futuras.
2. Solicite todas as certidões negativas dos envolvidos
Não basta saber se o imóvel está regular. Você precisa saber se quem está vendendo pode vender legalmente e se não existe risco oculto vindo do histórico do vendedor.
Peça as seguintes certidões:
Cíveis
Criminais
Fiscais (municipais, estaduais e federais)
Trabalhistas
Certidão de protesto
Essas certidões ajudam a identificar se há dívidas, processos ou bloqueios que podem impactar o imóvel. Se a pessoa está respondendo a uma execução fiscal, por exemplo, isso pode levar o bem a ser penhorado.
3. Analise com cuidado o contrato de compra e venda
Muitos problemas começam aqui. Um contrato mal redigido, com termos vagos ou lacunas, é um convite para litígio.
Evite modelos prontos encontrados na internet. Cada negociação tem especificidades que exigem tratamento jurídico sob medida. O contrato deve conter:
Identificação clara das partes
Descrição precisa do imóvel
Condições de pagamento
Prazos de entrega e documentação
Penalidades por inadimplência
Cláusulas resolutivas
Dado jurídico: Cláusulas mal redigidas estão entre as principais causas de anulação de negócios imobiliários no Brasil, segundo o Conselho Nacional de Justiça.
4. Verifique a situação fiscal e tributária do imóvel
Antes de fechar o negócio, investigue:
Quitança do IPTU
Comprovante de pagamento do ITBI
Situação com a Receita Federal e Estadual
Você não quer descobrir depois que o imóvel tem uma dívida ativa que pode gerar cobrança judicial contra você como novo proprietário. Sim, isso é possível.
A responsabilidade tributária pode recair sobre o novo adquirente em certas hipóteses.
5. Investigue se há processos judiciais envolvendo o imóvel
Parece burocrático, mas essa etapa é crucial.
Use o CPF ou CNPJ do vendedor para fazer buscas em tribunais estaduais e federais. Isso pode revelar:
Penhoras
Ações de execução
Disputas familiares
Processos de falência
Comprar um imóvel litigioso é assumir um passivo oculto. Mesmo que você registre a escritura, não significa que está totalmente protegido. A discussão pode persistir por anos.
6. Confirme a capacidade civil e legal das partes envolvidas
Parece detalhe, mas é essencial. Está vendendo um menor de idade? Um herdeiro sem inventário formalizado? Uma empresa sem procuração válida?
Casos comuns de problemas:
Venda feita por herdeiros sem partilha
Venda de bem indivisível sem autorização dos demais coproprietários
Incapazes ou interditados agindo sem representante legal
Essas situações podem levar à nulidade do negócio.
7. Conte com apoio jurídico especializado
Se você chegou até aqui, percebe que a compra e venda de imóveis envolve uma série de variáveis jurídicas que não devem ser negligenciadas.
A assessoria de um advogado especialista em direito imobiliário é mais do que uma formalidade. É uma medida de segurança patrimonial.
Estatística: Segundo levantamento da OAB-SP, a maioria das demandas judiciais imobiliárias poderia ser evitada com orientação jurídica preventiva.
Não se baseie apenas na confiança
Negociar um imóvel exige frieza, informação e orientação jurídica. Boa-fé, embora essencial, não substitui a necessidade de comprovação documental e legal.
Cada um desses pontos é uma camada de proteção. Ignorá-los é aumentar exponencialmente o risco de prejuízo.
Este artigo tem finalidade exclusivamente informativa e educacional. Não substitui a análise personalizada feita por um advogado especialista em Direito Imobiliário.
Sobre a NR Advogados Imobiliários: Há 12 anos sendo referência em direito imobiliário, a NR Advogados combina expertise jurídica com atendimento humanizado. Atendimento Online para todo o Brasil e Exterior.
FAQ - Perguntas Frequentes Sobre cuidados legais para uma compra e venda de imóvel
Quais documentos preciso analisar antes de comprar um imóvel com segurança jurídica?
Antes de fechar o negócio, é essencial conferir a matrícula atualizada do imóvel, certidões negativas do vendedor (cíveis, criminais, fiscais e trabalhistas), além do contrato de compra e venda bem elaborado. Esses documentos ajudam a prevenir surpresas legais e financeiras futuras.
Posso comprar um imóvel direto com o proprietário sem consultar um advogado?
Sim, mas não é o mais recomendado. Mesmo parecendo uma transação simples, a compra de um imóvel envolve riscos jurídicos que muitas vezes não são visíveis à primeira vista. O apoio de um advogado especializado reduz esses riscos e dá mais segurança à negociação.
Existe risco de perder o imóvel mesmo após assinar o contrato e pagar?
Infelizmente, sim. Se houver irregularidades como processos judiciais, penhoras ou problemas na matrícula, o negócio pode ser anulado judicialmente. Por isso, é fundamental investigar a situação legal do imóvel e das partes envolvidas antes da assinatura.
Qual a diferença entre corretor de imóveis e advogado imobiliário na hora da compra?
O corretor atua na intermediação comercial e na busca pelo imóvel ideal. Já o advogado imobiliário analisa juridicamente toda a operação: documentos, riscos ocultos, contratos, impostos e conformidade legal. Cada um tem sua função — e ambas são importantes, mas distintas.