Inquilino Não Paga Aluguel: Entenda o Processo de Despejo

Quando um inquilino para de pagar o aluguel, muitos proprietários ficam sem saber o que fazer. É uma situação complicada que gera ansiedade e preocupação financeira.
Porém, existe um procedimento legal específico que deve ser seguido para resolver essa questão de forma adequada.
Por isso, é importante conhecer os passos do processo judicial e entender seus direitos e deveres como proprietário.
Neste guia informativo, você vai entender:
- Como identificar quando há inadimplência
- Os passos do processo legal de despejo
- Prazos estabelecidos pela lei
- Direitos e deveres de proprietários e inquilinos
- Procedimentos que devem ser evitados
O Que Caracteriza a Inadimplência no Aluguel
Quando Surge a Inadimplência
A inadimplência ocorre no dia seguinte ao vencimento estabelecido no contrato. A lei não prevê prazo de tolerância automático, embora alguns contratos possam estabelecer essa condição.
Valores Que Podem Motivar o Despejo
Além do aluguel, outros encargos podem gerar inadimplência:
- Taxas condominiais
- IPTU (quando de responsabilidade do inquilino)
- Contas de consumo (água, luz, gás)
- Seguros obrigatórios
- Multas contratuais previstas
Como Funciona o Processo Legal de Despejo
Notificação Extrajudicial Obrigatória
O primeiro passo é sempre a notificação por escrito do inquilino. Este procedimento é obrigatório por lei e serve para:
- Informar oficialmente sobre a dívida
- Conceder prazo para regularização
- Documentar a tentativa de solução amigável
A notificação deve:
- Especificar os valores em atraso
- Conceder prazo de 15 dias para pagamento
- Ser entregue via Correios com aviso de recebimento ou por oficial de justiça
Documentação Necessária
Para o processo judicial, são necessários:
- Contrato de locação
- Comprovantes de pagamentos em atraso
- Notificação extrajudicial com comprovante de entrega
- Documentos de identificação
- Certidão atualizada do imóvel
Ajuizamento da Ação Judicial
Com a documentação completa, é possível ingressar com a ação de despejo por inadimplência, fundamentada no artigo 9º, III da Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91).
Possibilidade de Liminar
Quando existe garantia locatícia (fiador, caução ou seguro-fiança), pode ser solicitada liminar de despejo. Se concedida, estabelece prazo de 15 dias para desocupação, mediante depósito de caução equivalente a três meses de aluguel.
Citação e Direito de Defesa
O inquilino será citado judicialmente e terá 15 dias úteis para apresentar defesa. Durante este período, pode:
- Contestar os fatos apresentados
- Comprovar pagamentos realizados
- Apontar irregularidades contratuais
- Purgar a mora (quitar toda a dívida)
Purga da Mora
A purga da mora permite ao inquilino quitar integralmente a dívida (incluindo aluguel, multa, juros e custas processuais) e evitar o despejo.
Importante: Este direito pode ser exercido apenas uma vez a cada 24 meses.
Audiência de Conciliação
O juiz pode designar audiência para tentativa de acordo, onde as partes podem:
- Negociar parcelamento da dívida
- Estabelecer prazo para desocupação voluntária
- Buscar soluções que atendam ambos os interesses
Decisão Judicial
Não havendo acordo ou defesa procedente, o juiz profere sentença determinando o despejo, estabelecendo prazo entre 15 e 30 dias para desocupação voluntária.
Se não houver desocupação espontânea, pode ser requerido cumprimento de sentença com apoio da autoridade policial.
Prazos do Processo Judicial
Cronograma Típico
- Notificação extrajudicial: 15 dias para resposta
- Ajuizamento: Após prazo da notificação
- Citação: 15 dias para defesa
- Tramitação: Varia conforme a comarca
- Duração total: Pode variar entre 6 meses a 2 anos
Fatores que Influenciam o Tempo
A duração pode variar conforme:
- Agilidade do sistema judiciário local
- Concessão ou não de liminar
- Apresentação de defesa pelo inquilino
- Complexidade dos fatos
Despejo com Liminar: Processo Mais Ágil
Quando Pode Ser Concedida
A liminar pode ser deferida quando:
- Existe garantia locatícia válida
- A inadimplência está bem documentada
- A documentação está completa e regular
Características da Liminar
- Prazo de 15 dias para desocupação
- Não aguarda o final do processo
- Exige depósito de caução pelo proprietário
- Pode acelerar negociações
Caução Necessária
Para obter liminar, é necessário depositar caução de três meses de aluguel. Este valor permanece retido até o final do processo.
Direitos e Deveres no Processo
O Que o Proprietário Não Pode Fazer
É importante saber que certas atitudes são proibidas por lei:
- Interromper fornecimento de energia, água ou gás
- Alterar fechaduras sem autorização judicial
- Ingressar no imóvel sem permissão
- Pressionar ou constranger o inquilino
- Remover pertences do imóvel
Essas práticas podem resultar em:
- Responsabilização criminal
- Obrigação de indenizar
- Prejuízo ao processo de despejo
Direitos do Inquilino
Mesmo em situação de inadimplência, o inquilino mantém direitos:
- Permanecer no imóvel até decisão judicial
- Apresentar sua defesa
- Exercer o direito de purga da mora
- Recorrer das decisões
- Não sofrer constrangimentos ilegais
Custos do Processo Judicial
Despesas Processuais
O processo envolve custos como:
- Honorários advocatícios
- Custas judiciais
- Taxas de citação
- Caução (quando há liminar)
- Despesas com oficial de justiça
Responsabilidade pelos Custos
Em caso de procedência da ação, o inquilino pode ser responsabilizado por:
- Honorários advocatícios
- Custas processuais
- Multas contratuais
- Juros e correção monetária
Alternativas ao Processo Judicial
Negociação Direta
Antes do processo judicial, considere:
- Diálogo franco sobre a situação
- Proposta de parcelamento
- Acordo para desocupação voluntária
- Concessão de prazo adicional
Mediação Extrajudicial
A mediação pode ser alternativa mais rápida e econômica, com mediador neutro ajudando a encontrar soluções consensuais.
Orientação Jurídica
Buscar orientação jurídica desde o início pode ajudar a:
- Avaliar a melhor estratégia
- Evitar erros procedimentais
- Compreender os riscos envolvidos
- Tomar decisões mais informadas
Entenda Seus Direitos e Aja com Segurança
Lidar com inadimplência no aluguel requer conhecimento dos procedimentos legais adequados. O processo pode parecer demorado, mas seguir os passos corretos é fundamental para proteger seus direitos.
A documentação adequada e a notificação correta são elementos essenciais do processo. Buscar orientação jurídica especializada pode esclarecer dúvidas específicas sobre sua situação e ajudar na tomada de decisões mais seguras.
Compreender o procedimento legal permite que você tome decisões mais informadas e proteja adequadamente seus interesses como proprietário.
Este artigo possui caráter meramente informativo e não constitui aconselhamento jurídico específico. Cada caso possui particularidades que devem ser analisadas por um advogado.
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FAQ - Perguntas Frequentes Sobre Processo de Despejo
O inquilino pode ser despejado mesmo em situação de vulnerabilidade?
A situação social ou econômica do inquilino não impede o despejo por inadimplência. Não há proteção especial para grávidas, idosos ou desempregados nestes casos.
Quanto tempo após o vencimento posso iniciar o processo?
O processo pode ser iniciado imediatamente após o vencimento, desde que cumprida a notificação extrajudicial obrigatória.
O que acontece se o inquilino não for encontrado?
O processo continua normalmente. A citação pode ser realizada por edital e o despejo determinado à revelia.
Posso cobrar novos aluguéis durante o processo?
Sim, os aluguéis que vencerem durante o processo podem ser cobrados, pois o inquilino continua ocupando o imóvel.
Pagamento parcial evita o despejo?
Não. Para evitar o despejo, é necessário quitar integralmente a dívida através da purga da mora. Pagamento parcial não suspende o processo.