Posso Ser Despejado por Ter Cachorro ou Gato no Apartamento?

Você tem um cachorro ou gato e está preocupado com a possibilidade de despejo? Essa é uma dúvida que atormenta milhares de brasileiros todos os dias. Muitos proprietários e síndicos ameaçam inquilinos com despejo por causa dos pets, mas será que isso é realmente legal?
A verdade é que a situação não é tão simples quanto parece. Há diferenças importantes entre locação e propriedade, entre condomínios e contratos particulares. Algumas situações podem sim levar ao despejo, enquanto outras são completamente ilegais.
Neste guia completo, você vai descobrir:
- Quando você pode ser despejado por ter pets
- Quais são seus direitos garantidos por lei
- Como se proteger de ameaças ilegais
- O que fazer se seu animal causar transtornos
- Estratégias para manter seus pets em segurança
Posso ser despejado por ter cachorro ou gato? Entenda cada situação
A resposta varia conforme sua situação específica. Não existe uma regra única que se aplique a todos os casos. Seu direito de manter pets depende de diversos fatores, como você ser inquilino ou proprietário, e se há cláusulas específicas no seu contrato.
Para proprietários de apartamentos
Se você é dono do apartamento, a situação tende a ser mais favorável. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu que condomínios não podem proibir moradores de terem animais em suas unidades. Isso faz parte do seu direito de propriedade, garantido pela Constituição Federal.
Mesmo que a convenção do condomínio proíba pets, essa regra não pode ir contra a Constituição Federal ou o Código Civil. Apenas um juiz pode, após análise detalhada do caso, ordenar a retirada do animal.
Para inquilinos (locatários)
A situação muda quando você aluga o imóvel. Aqui, o contrato de locação é fundamental. Se existe uma cláusula específica proibindo pets, você pode enfrentar uma ação de despejo por infração contratual.
Porém, mesmo nesses casos, a Defensoria Pública esclarece que proibir pets em imóveis alugados pode ser considerado ilegal. O entendimento tem se consolidado de que essas cláusulas podem ser abusivas.
Quando o despejo por pets é realmente possível
Transtornos comprovados à vizinhança
O despejo se torna mais provável quando seu pet causa transtornos constantes aos vizinhos. Situações que podem justificar despejo:
- Latidos excessivos que perturbem o sossego
- Odores fortes que afetem outros moradores
- Agressividade que represente risco de segurança
- Danos às áreas comuns do condomínio
- Sujeira constante em corredores e elevadores
Multas condominiais recorrentes
Em condomínios, as multas aplicadas por causa dos pets servem como prova de que o animal está causando transtornos. Isso facilita uma eventual ação de despejo, pois comprova prejuízos ao proprietário.
Dano infecto
O artigo 1.277 do Código Civil permite que vizinhos ingressem com ação de dano infecto contra interferências que prejudiquem “a segurança, ao sossego e à saúde”. Se comprovado, isso pode resultar em despejo.
Seus direitos como tutor de pets
Decisão histórica do STJ
O STJ estabeleceu que a proibição de animais só é válida se comprovadamente trouxerem:
- Risco à segurança dos moradores
- Problemas de higiene no local
- Perturbação da tranquilidade
Sem essas comprovações, a proibição pode ser considerada ilegal.
Direito adquirido
Se seu pet já mora no imóvel há muito tempo sem reclamações, você pode ter direito adquirido. Não é possível mudar as regras no meio do caminho.
Proteção legal dos animais
A legislação de proteção animal também deve ser considerada nos processos. Isso cria uma “batalha jurídica” onde juízes precisam balancear diferentes direitos.
Como se proteger de ameaças de despejo
Para inquilinos
Antes de alugar:
- Seja transparente sobre seus pets na negociação
- Evite contratos com cláusulas proibitivas abusivas
- Documente a aceitação do proprietário por escrito
- Considere buscar imóveis pet-friendly
Já morando no local:
- Mantenha seus animais bem cuidados e educados
- Evite barulhos excessivos, especialmente à noite
- Use coleira e guia nas áreas comuns
- Limpe imediatamente qualquer sujeira
- Dialogue com vizinhos sobre eventuais incômodos
Para proprietários
- Conheça as regras do condomínio antes da mudança
- Mantenha diálogo respeitoso com a administração
- Comprove que seu pet não causa transtornos
- Guarde comprovantes de vacinas e treinamento
- Considere contratar seguro residencial
Diferenças entre cães e gatos na questão do despejo
Cachorros: maior potencial de conflito
Cachorros tendem a gerar mais reclamações por causa de:
- Latidos em horários inadequados
- Maior movimentação nas áreas comuns
- Necessidade de passeios diários
- Interação com outros moradores
Gatos: situação mais favorável
Gatos raramente causam problemas que justifiquem despejo:
- Naturalmente mais discretos
- Não fazem barulho excessivo
- Raramente circulam em áreas comuns
- Menor potencial de conflito
Área comum vs. área privada: entenda as diferenças
Dentro do seu apartamento
Você tem direito de manter seus pets dentro da sua unidade. Nem condomínio nem proprietário podem proibir isso, desde que não cause transtornos externos.
Nas áreas comuns
Nas áreas comuns, o condomínio pode estabelecer regras específicas:
- Elevadores: Uso de coleira e focinheira pode ser exigido
- Áreas de lazer: Podem ter horários específicos
- Piscina: Geralmente proibida para animais
- Salão de festas: Restrições são comuns
O que fazer se receber ameaça de despejo
Analise sua situação legal
- Verifique seu contrato de locação ou compra
- Consulte a convenção do condomínio
- Documente o comportamento do seu pet
- Reúna provas de boa convivência
Busque orientação jurídica especializada
Quando procurar um advogado:
- Recebeu notificação formal de despejo
- Sofre ameaças constantes do proprietário
- O condomínio aplica multas abusivas
- Seus direitos estão sendo desrespeitados
A Defensoria Pública pode atender casos de violação desses direitos, conforme critérios de renda.
Tente resolver amigavelmente
Antes de partir para o jurídico:
- Converse com o proprietário ou síndico
- Explique as medidas que você toma
- Demonstre que seu pet é bem cuidado
- Proponha soluções para eventuais problemas
Custos e consequências do despejo por pets
Para o inquilino
Se o despejo for procedente, você pode arcar com:
- Custas judiciais do processo
- Honorários advocatícios da parte contrária
- Multa contratual por rescisão antecipada
- Danos morais ao proprietário (em casos extremos)
Para o proprietário
Proprietários que tentam despejo sem fundamento podem enfrentar:
- Ação por danos morais do inquilino
- Custas do processo perdido
- Desgaste na relação locatária
Estratégias preventivas para tutores responsáveis
Educação e treinamento
Investir no comportamento do pet:
- Treinamento básico de obediência
- Controle de latidos excessivos
- Socialização adequada
- Exercícios regulares para gastar energia
Documentação importante
Mantenha sempre em dia:
- Carteira de vacinação completa
- Comprovantes de vermifugação
- Certificados de treinamento
- Registros veterinários
Relacionamento com vizinhos
Estratégias de boa convivência:
- Apresente seu pet aos vizinhos
- Forneça seu contato para emergências
- Seja proativo em resolver problemas
- Demonstre responsabilidade constante
Casos especiais e situações complexas
Pets de grande porte
Cães grandes enfrentam mais resistência, mas o tamanho não é critério legal para proibição. O que importa é o comportamento, não o porte.
Animais de suporte emocional
Pets que servem como suporte emocional ou terapêutico têm proteção legal adicional. Documentação médica pode ser fundamental.
Múltiplos animais
Ter vários pets não é proibido, mas aumenta a responsabilidade. Maior número de animais exige cuidados redobrados.
A evolução da jurisprudência sobre pets
Tendência favorável aos animais
A jurisprudência brasileira tem sido cada vez mais favorável à permanência de pets em imóveis residenciais. Juízes consideram:
- Animais como membros da família
- Direitos fundamentais dos tutores
- Bem-estar animal
- Função social da propriedade
Mercado imobiliário pet-friendly
O mercado se adapta à realidade:
- Condomínios com “Espaço Pet”
- Diferencial competitivo importante
- Fator decisivo na escolha de imóveis
- Valorização dos empreendimentos
Busque sempre orientação jurídica adequada
A preocupação com o despejo por ter pets é compreensível, mas cada caso é único e merece análise específica. Na maioria das situações, existem direitos que podem ser exercidos para proteger você e seus animais.
O segredo está na responsabilidade. Seja um tutor exemplar, mantenha seu pet bem educado e construa relacionamentos positivos com vizinhos e administração. Assim, você reduz drasticamente as chances de problemas.
Lembre-se: ter um animal de estimação pode ser um direito, mas também é uma responsabilidade. Cada situação é única e pode exigir orientação jurídica especializada para avaliar as melhores estratégias de proteção.
Este artigo possui caráter meramente informativo e não constitui aconselhamento jurídico específico. Cada caso possui particularidades que devem ser analisadas por um advogado.
NR Advogados Imobiliários | Apoio jurídico em questões imobiliárias.
FAQ - Perguntas Frequentes Sobre Posso Ser Despejado por Ter Cachorro ou Gato
Posso ser despejado apenas por ter cachorro ou gato no apartamento?
Depende da sua situação específica. Se você é proprietário, condomínios geralmente não podem proibir pets em sua unidade. Para inquilinos, depende do contrato, mas cláusulas proibitivas podem ser questionadas. O despejo só é possível se o animal causar transtornos comprovados à vizinhança.
O que fazer se o síndico ameaçar multa por causa do meu pet?
Primeiro, verifique se seu pet realmente está causando problemas. Se não há transtornos comprovados, a multa pode ser questionada. Documente o bom comportamento do animal e, se necessário, procure orientação jurídica especializada.
Posso ter cão grande em apartamento pequeno?
O tamanho do animal não é critério legal para proibição. O que importa é se o pet está bem cuidado e não causa transtornos. Contudo, certifique-se de que tem condições adequadas de bem-estar para o animal.
Meu contrato proíbe pets. Posso ser despejado se descobrirem?
Existe divergência jurídica sobre a validade dessas cláusulas. O ideal é negociar transparentemente antes de assinar o contrato. Se já mora no local, procure orientação jurídica especializada para avaliar seu caso específico.
Como comprovar que meu pet não incomoda os vizinhos?
Mantenha carteira de vacinação em dia, comprovantes de treinamento, registros veterinários e, se possível, declarações de vizinhos atestando boa convivência. Documente também medidas preventivas que você toma, como uso de coleira nas áreas comuns.